quarta-feira, 28 de junho de 2023

 na hora mais quente do dia

o leito do rio sombreado

ainda úmido, mas na areia fria

eu penso, eu lembro, esqueço

mais uma vez um local recorrente

me pergunto se um dia entenderei

porque ressurge, numa periodicidade incerta

sem dilemas, ou talvez algum registro do corpo

imaginar em que parte da memória está


quinta-feira, 24 de junho de 2021

ah, o deserto!
longe das pessoas
e de todas as interpretações
onde me isolei de toda vaidade
da autosupervalorização
das tentativas de orientar as pessoas
pelos conceitos alheios de caminhos exatos
apenas nunca fiz questão
de ir além do ser
de ter a aparência antes de simplesmente estar naquilo que é
no tempo que corre
o deserto não é vazio, é somente lugar da ausência
nele, eu tenho o suficiente
bem longe do excesso
daquilo que tenho encontrado na vida
não serei farol desavisado
melhor que me errem a ser seguido
em tudo a sutileza reina e se expande
e distancio-me do cada vez mais do mundo

quinta-feira, 27 de maio de 2021

a vida segue
escapa pelas bordas
com as cicatrizes
curadas
no tempo e pelo tempo

cada vez mais
cada vez menos

sábado, 17 de abril de 2021

aqui
neste aqui
lá de tempo lapso
rememorado
a sensação
mas não o significado

sábado, 6 de fevereiro de 2021

uma réstia de luz
dourando a tarde
amadurece rápido
e logo se decompõe

em torno disso
divago descompromissadamente

uma questão de tempo

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

o tempo passa
através do foco

passarinhada 
em rotas de flores

olhei pro céu
o mais alto que pude

vindo de lá
aqui reflito
.


fech
ar os olh
os
ver al
ém
da ilu
são


.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

num ritmo constante que oscila
pelo equilíbrio da intuição
cultivada em meio aos tropeços
de uma precipitação
que se revela numa questão de forma
talvez de linguagem
posta assim mesmo
quando não cala
e se torna expressão


quinta-feira, 25 de junho de 2020




o som se propaga
a partir do lugar
onde o silêncio se instala







domingo, 1 de dezembro de 2019

a vida é uma viagem de ida corrida sem olhar pra trás
já não tenho papéis para anotar as impressões
o tempo é da contemplação
passa na pele, como o vento
assim é

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

ouço o trovão
cai em frente de casa
e te acorda
chove tanto esses dias
você me diz
para lamber as próprias
feridas
e eu acordo

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

tempo, meu camará
mar infinito
de substância mutante

mesmo outra coisa
outro momento
permanece afora

pensamentos e palavras
cânticos imaginados
ao som das cordas

toco o calor do sol
naquela tarde
desocupada


quinta-feira, 29 de agosto de 2019

desliguei as máquinas
deixei que enferrujassem

esses dias
trazem o selo
do esforço
inesquecível
do zelo e do náufrago
sorrindo para a morte
mesmo quando a sorte escapa