sexta-feira, 25 de março de 2011

*

o mundo desencantado
pesadíssimo
como as pálpebras na tarde
de calor e sono

indecentes
minhas linhas
se perdem nos pensamentos
que vão

quinta-feira, 17 de março de 2011

*

ainda que o dia
esteja gritando ali
na beira do chão
do horizonte

casca de ovo que racha
trazendo o sol e sua gema azul

meus sonhos e latidos
estão por aí
a mão babada no meio da trilha
dos sonhos que ocorreram
e do helicóptero que voou

ainda assim

entre anjos e a luz da vela
permanecendo o tempo
de seu corpo parafinado
que leva o silêncio da prece
seguindo e se guiando pelos movimentos celestes

domingo, 13 de março de 2011

o esquecimento é
decrescente quando
nascemos e
crescente até
morrermos

caminho silencioso das
ligações ancestrais

*

as pessoas conversam
enquanto consomem
ou consomem para
conversar?
usando a melhor
pose pra acender
um simples cigarro
madrugada imensa
cheia de possibilidades
como o real é cheio
de centavos

porto de paquetá

algumas palavras
quando não saem pela
boca
permanecem
na forma de oração
dentro da alma
silêncio é ouro
a sabedoria é na ação

*

tem um momento
em que perco as contas
pelas quais me guiei
por tanto tempo

é um colar
que o destino sela
sem as contas

fechando-se em espiral
ralo no infinito
quando releio
não mais acredito
mas reconheço
as manchas do pensamento
e sigo brotando o suor
deixando que seque pelo caminho
labirinto de palavras
que tornam a surgir
quando não mais acreditava

*

pq pensar exige
destreza
levar o mundo
de letra
enquanto avista
esquecer
quando em vez
e manter
de forma interneuronal
o movimento centrífugo
e a paisagem centrípeta

*

as pessoas passando em grupos. eu sem animais viro o cenário de pensamentos toscos enquanto bebo água sentado na beira sem laptop ou cartão de crédito, mas o principal é um celular muderno. quando escrevo à mão fico viajando na solidão de um louco que o céu observa

fine art

tempo é dinheiro
arte é tempo

um se acumula
outro se esvai