sábado, 26 de dezembro de 2009

dormi com um cinza
estralando meus pensamentos
mesmo assim
exercito um caminho leve
para uma travessia segura

vou controlando meus movimentos
de acordo com as ondas
para que o barco não vire
e siga em paz

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quarto vazio
somente a vela
e orquídeas
todos livros e papéis
guardados
prontos pra mudança

*

velho noel faz a de muita gente
haja armas e eucaliptos
nem toda neve gela
o whisky nos copos
das ceias

noel, toca aquela

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

eu acredito é na macacada

por aqui o dia vai amanhecendo
com pássaros que trazem calor
quando batem asas
e vão esverdeando a montanha
para esconder os calangos
ou sabe-se lá como eles são definidos por aqui

estou tão dentro da natureza
nem preciso falar
apenas pensar o tempo
como outro animal ou planta

e andando nas ruas
ouço o silêncio de metrópole
multidão de vozes
cada qual querendo ser gente
ser algo qualquer
dentro de uma moldura social
e eu aqui nem me importando com isso
pelo contrário

bem queria sair voando
ou ter uma cauda pra me pendurar na árvore
dia após dia
feedback de solos das cigarras
vão compondo a paisagem

ontem vi a lua
deitada na rede
quando passei nos arcos
como fossem feitos de chuva e cores
de toda noite

panetone é coisa de doido...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

abraços

entre carros
buzinas
sapatênis
meus pensamentos cortados
na linha
não ouço
teus braços

sábado, 19 de dezembro de 2009

a fé move montanhas (estudo número 01)

criar
construir sobre o que se destruiu
manter o que se deve cuidar
plantar o amanhã com amor, aprender e melhorar
ir
até onde se pode consertar

lembrar dos erros
entendendo os acertos
com humildade
pra não aprender somente a ida
mas saber os dois lados do caminho
indo com cuidado

no jogo da vida
transformando
mantendo o eterno
no efêmero sagrado

*

sempre pensei no grito
como uma palavra
que estoura no sentido

*

de manhã
abro os olhos
dou bom dia
que ecoa
em silêncio

os anjos estão por perto
mas não podem sair por aí falando
fazem isso somente por ordem de Deus
e no momento, Ele sabe que estou segurando as pontas
dessa barra

natal, as pessoas nas ruas
comprando coisas
planejando a ceia
talvez se lembrem da importância transcendente
além da magnitude festiva dessa data
meu presente é pra todos
a reunião celebra o encontro

olho pelo vidro, do lado de fora
mas também louvo
quem pode estar em cada lugar que ocupa
e tem a responsabilidade de saber onde está
temos a benção de Deus
em cada momento
basta estendermos a mão

meus amigos lembram de mim
onde estiverem, onde estou
por isso, sigo com força
com persistência alcançarei aquela flor
no alto da árvore

mesmo que muitos fiquem olhando do chão
com medo que eu caia
e poucos me ajudem na subida

agradeço a vida
que nos move
ela me faz estar aqui e agora
em direção ao nosso encontro
no infinito

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

*

o frio azulejado da mesa
cookies e flores amarelas
sobre a louça fria
de gordura e beterraba ralada

roupas por lavar
filtros e velas por trocar
no tabajara
ou em outro lugar

meu colchão
um chão
um som infinito

no céu
um quadrado entre prédios


a pedra
fonte no sopé
micos brincando

pássaros
procurando e cantanto

*

tava ali olhando a árvore
vendo as folhas, esperando
as q caem
rolam a montanha
to sentindo um mal estar de renascimento
o frio do lado de fora
quando o vento abraça

o som do tempo
no voo do passarinho
revirando as folhas secas

cotidiano de alimento e ninho
cantos nas copas
cantos nos quartos

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

solve et coagula

o mar foi chegando lentamente
comecei a arrumar as malas
enquanto havia tempo
guardar as coisas pra se mudar

somente o necessário
no meio de tudo
que podemos esquecer

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

*

o vaso da planta
está como o planeta
significando outro andar

crise de abstinência de abraços

fim de tarde
a vela decresce
quase nasce

é uma parte
a roupa molhada seca
assim como a tarde anoitece

e a solidão passa

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

*

as gotas no vidro do ônibus
do lado de fora
caem no papel como sombras
lentamente
o trânsito a sirene d`ambulância
brilhos vermelhos dos faróis
pichações perdidas no muro
atenção
o motorista fuma um cigarro
as pessoas vão andando
hoje até meia noite
ontem quando passar
guarda-chuva torto
volta a chover
atravesso a narrativa da rua
mitologias decompondo na lama
e escorrendo em mim

colibri toma conta do jardim

sou uma flor
quando me der conta
floresci

jane

te agradeço pelo ensinamento
pelo amor, dedicação e força movedora
dos mais celestiais ensinamentos

esse momento, o barco veleja
em alto mar e as nuvens cobrem tantas estrelas
que por vezes penso na existência
para além da matéria e ilusões nublantes

eu, esse cara encarnado
de todo jeito
tive medo e senti só
mas seu sopro infinito
cuidou de mim
sem superproteções

você me deixa vivo
pra aprender e seguir e conseguir
forjar a alma de lutas

tantas lições
nesse grande mundo

nossa casa é um planeta girando no espaço
tão pequeno no universo, tão antigo é o caminho, jane
tanto tempo por ir e vir
a estrada é de amor

cena 2

os carros passam
ondas na praia

fins de semana
sorrindo

vou nas ruas

grandes avenidas

por onde tanta coisa passou
muitas sem razão
outras no engenho de deus
(que esmagando cana produz com doçura
o futuro das pessoas)

um grito que não se ouve
entre muitos falando sozinho
atravesso a ponte
sigo
pois acredito

*

a cidade gira
espalha
aglutina
tantos desejos
muitos sonhos
sopra feridas
reflete as pessoas
no vidro dos vagões
montes de ferro
cobertos pelo frio

mais que a chuva caindo

milhões de anos
de planetas e pessoas

indo e vindo
indo e vindo
indo e vindo

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

hoje

é sempre dia de
viver


o amanhã planejo
o ontem repenso

sigo o gesto atento

me dou na
encarnação
do meu espírito


ao caminho

do amor
do aprendizado

*

fazer o rascunho
caminho de trazer
a paisagem

*

cada quadra
todos rumos
dessa prosa

*

eu vou
e isso que
se vê


não sendo
espelho


é um traço
apenas

de muitos
até que se faça o desenho

*

sabemos
onde o pensamento
vai

nos momentos
trechos do eterno

cada coisa
pedra


acontece

onde estou

*

estar longe de casa
no corpo perambulante
em movimentos gravitacionais
quando falo
as palavras
encontram a parede
e refletem

*

tudo no lugar
num lugar diferente
em outra camada de tempo
vinil virou cd
escuto em mp3
a mesma canção
que deu origem a tantas coisas
mudaram
se acabaram

pra nunca mais se ouvir
frio
deitado aqui no quarto
olho um ponto vago
em falso
que se volta pro passado
outra era
ainda hoje
o anjo vê apavorado
sabe-se lá o que

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

dia de iansã 2009

vento pra valer o dia todo
a pedreira geme
imóvel

mas não intacta
árvores balançam
quase
dobram

como o aço das cordas do violão

céu azul lá no espaço
a chuva cai de lado

*

um grão
cem vezes mais
que ontem
a areia está
de uma forma ou outra
no sempre
desse universo

*

tempo de aprender
lição da natureza
seca ao vento
fica molhada
a madrugada toda
camadas de eras
os dinossauros dessa manhã
dizem sim
existe a alma
percebo além do corpo
olhando os pedaços
no chão

*

dia de vento
solidão ecoando
por dentro

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

*

imagino a tarde
esquecida num sonho
amarelada
com as gotas

chega tarde
a madrugada
mesmo chovendo
olho pro alto

sei que pra tudo existe um sentido

meu destino
em voltas
a sim

sábado, 28 de novembro de 2009

*

faz tempo
suficiente
nesse espaço
pra saber
e sentir

esta luz ilumina

vento
leva a alma
água
lava
desce a montanha

em todo lugar
do pensamento

terça-feira, 24 de novembro de 2009

*

desapego
lição de vida
desde o primeiro dia
por todos elos
lições vindas dos tempos
de quando rimos
tudo já passou
na brisa das ruas
o lenço nas mãos
dessa vez eu acreditei
realmente
e quando se escuta a alma dentro
parece sempre certo
entre a ruptura
a beira da praia
ou trilhando o mato
louvo tuas pegadas
e a brevidade tal como foi
a caminhada tem dessas coisas
momentos a se deixar
na calma da água
cai sobre a rocha
e depois sobre outra rocha
mais uma vez ou outra
as despedidas depois do cais
parecendo o barco afundar
e dia após dia
as figuras guardadas
os livros nas gavetas
quantas velas se apagaram
sem reza

*

teus ensinos
doces como o mel
morada de deus

sábado, 21 de novembro de 2009

janeiro

rio de jane
rio de jane
de janeiro
plantando no rio

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

capoeira

os tombos e quedas
ensinam às vezes mais
que os golpes aplicados

experiência
não é da ordem cumulativa
mas da prática

*

saudade
desmame da matéria

crer no elo maior
fé no caminho

decisão na escolha

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

pra jane

pikena

nessas voltas do mundo
chegamos sempre
onde estamos

encontrando quase sempre
a nós mesmos

para além de uma história
em livros

mesmo na última página quase sempre
a que não lemos





amo vc por quem és
pela sua verdade tão intensa
e pelo mais que não há palavras

terça-feira, 3 de novembro de 2009

*

no silêncio de palavras estrangeiras
seu sorriso e um suco de limão
interagem com minha solidão errática
minha sonoridade de vazio ecoa
num quarto
entre o mofo & roupas
tudo aquilo que sou
quem fui e quem deixei
sendo


fico aqui no meio das palavras não ditas
escritas em pensamentos que nunca chegam

ao menos
sei de pequenos truques
aprendidos nas trilhas que caminhei por aí
nos dias de cicatrização na praia
entre carrapatos e maruins
jogados no mar num desses passeios de barco

tenho fé
e sei esperar o que há de vir
receber o que merecer
assim como ser o vetor de transformações
começando por mim mesmo
e se estendendo ao mundo
como um todo
o todo celestial

um bem maior que o das partes

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

calçadão

no passeio de elos
os que ficam e se vão
meus trilhos em montanhas
com nuvens no topo
e pensamentos

de braços abertos para sempre
seja Deus louvado
em seu resplendor
dando a sua benção

terça-feira, 27 de outubro de 2009

*

orbitando
cada qual
numa solidão


particularidades da existência

existo mais que
o reflexo
das palavras

que ouso


para doar uma gota d'água
ao combate do incêndio
fazer a diferença

mudar o que preciso for
e seguir leve

acredito na intenção
experiências que transformam
independente de bulas
ou manuais


às vezes uma brisa de luz
germina a semente
como um dia
aquela árvore foi
uma fruta serena

*

ir é
estar pleno
percebendo, entendendo
a lição

mesmo um pequeno resultado
chega de um cálculo
passado à interpretação

vinda de lá
a página virada
de cada dia carburado ao sol

trazendo entendimento
do que faz bem
sob o símbolo da paz

amando lambendo a fé
algo que não se acaba assim
resistir, persistir, insistir

lutar pela verdade
mesmo inalcançável
uma prática noturna e diária

depois ou antes
que a meia noite passe
na vida não estamos sós

*

subi as escadas
sabia

nessa parada

o movimento
ondas

na praia

reconheci no sonho
também pode ter sido
tinta na paisagem

seguir
nos passos

elevando na alma
a calma


levando saudades, histórias
sobre o mito que passou

vivendo sua narração

nem que eu diga
posso transcrever
seus cacos

crianças ancestrais eu louvo

*

que o bom caminho
onde vegeta e brota
a diversidade
traduzida por cada silêncio
se floresça
no entendimento
que se busca

dentro da verdade
exercício do desapego
da matéria
hora de chegada
e partida
louvo o reconhecimento
pelos que se foram
e agradeço

acredito no sentido
ego cão a ilusão não comove
vibro ou nem isso

às vezes só palavras nos abraçam

domingo, 25 de outubro de 2009

*

o fato de alguns terem chegado antes
não legitima antiguidade

às vezes ancestralidade é a criança
ou o que está por vir

de onde viemos o caminho está dado
nas escolhas dos percursos

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

como um dia desses

de sempre mudar
entre alguns nunca mais
e descompassos

lembra do barro vermelho

onde passei
tanto sozinho
quantos amigos & pedras rolaram

num deixando esquecer

mais uma vez um recomeço
outra viagem
mergulho fundo no rio

quem serei em outros ciclos?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

*

as corujas redes
penduradas no teto
nas paredes
sabem e fazem
valer a sabedoria

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

na perspectiva das coincidências

fechando ciclos
do tempo engrenado em ações
e voltas do mundo, ao mundo
sem pendências, seguindo em frente
todo o passado eu louvo
não nego meus passos
e traçando novas rotas
deixo muitas coisas
mas não o que se passou
no entanto, é preciso se libertar
fazer o exercício do desapego
acreditando no que há de vir

sábado, 17 de outubro de 2009

*

espero colher sua compreensão
pra plantarmos ela
e dela colhermos uma grande amizade

toda pessoa tem um potencial
a ser compartilhado

penso nisso qdo olho o pôr-do-sol
qdo o sol nasce
e me vejo pequeno nesse mundo

mas vou feliz, sendo uma partícula

e desejo tudo de bom a vc
com todo amor

vc não sabe o q eu passei nesse mundo
mas vamos com fé no coração
em dias melhores
vamos trabalhar pra isso

a Deus
adeus

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

asas de fada

na leveza da libélula
que pousa sobre a brasa
irmã do colibri sincretizada

relação de causas cósmicas

na fornalha um dragão voador
vermelho como o fogo

depois havia uma troíra gelada
quando entendo isso

o frio combatido pelo cão
irmão da matilha astral

quando a cobra rasteja
o cão late e amanhece

a razão no som da flauta
dona da razão

terça-feira, 13 de outubro de 2009

sabedoria do silêncio

saber evitar
a palavra
desnecessária

*

o sombreio
entre clarões

tenho um segredo
uma semente em mim

pra ser
ao invés de estar

a luz
da paz é o perdão

domingo, 11 de outubro de 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

minha alma sua

escrevo com os olhos
trilhas de luz
letras & palavras
seguem tua cintura
lembro o calor
no sono da tarde
e desço sozinho
vou nas ruas
pisando o brilho da lua

sábado, 3 de outubro de 2009

uno à tarde

tranquilidade
numa tarde
nos sons
descartamos
tudo que não serve
mantendo o jogo e a interação
uma tarde
de caju queijo
coisas feitas com amor
brotando as sementes
que no ontem se lançou
as de hoje somos nós os plantadores
a natureza é única
em todas dimensões
nossos passos no universo
são humildes traços de luz
na constância
num futuro de esplendor

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

pra se lembrar & imagens se fazendo

deus existe mesmo
nós fazemos e ele existe

imagens nas paredes
nos varais de salomão

só pra lembrar
dos filmes de 36 mitos

asa 100 e coloridos
nas 1000 e 1 fabulas nossas

não penso em voltas
quer dizer voltas pra mim

são as do mundo

terça-feira, 29 de setembro de 2009

a da ida vida

estamos indo pra


longe
de onde

estamos

do que somos


quando vejo fui e sou

(encontraremos nós mesmos lá na frente)


esse agora
não reconheceremos
na poeira do reflexo


falo que vamos
mas o lance é

todos passamos

por isso, pela vida

cada um tem um lugar pra ir
ser e deixar de existir

domingo, 27 de setembro de 2009

o segredo de são cosme quem sabe é são damião


somos todos crianças nesse universo
fagulhas desse planeta
pensamentos de constelações que acabaram
e reiniciaram milhares de vezes antes de existir
assim vamos, assim fomos, assim somos
seguiremos por aí

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

*


o olhar de um morto é hipnoticamente foda
talvez por isso os vivos fechem seus olhos
sabe-se lá pra onde eles nos chamam


foto: jane maciel
http://www.fa-da-do.blogspot.com/

falando em amadurecimento

lembrei que fui lamber um cacto
agora me pergunto
como isso me veio à mente?

num sopro vindo pela janela

é sábia a agonia do inverno
poucos tem estilo ao morrer
nas asas de uma borboleta
ao sair do casulo

reconheço a dona das horas
nos braços do tempo
acordo na rede

já nem tão estranho ou familiar
nem triste ou pesado
apenas um alternar nos passos

sou mais um personagem
regurgitando futuros

domingo, 20 de setembro de 2009

num todo maior que a soma das partes

o dia nasceu
disseram-me os pássaros
senti vindo do sol o vento
lambendo meus olhos

novos ciclos surgem
quando se sai de algum deles
a impressão que surge é de
ocaso

motivo de coragem
pra seguir em frente

sem receios de quando findarão
um dia a cada dia

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

*

serenou entre as coisas ditas
a quarta dimensão
não saiu nem chegou

terça-feira, 15 de setembro de 2009

*

conhecer
a força
é mútua

vale agora
o instante
pelas horas

em mim
nua e vento
no rosto

amanhã
chão e mar
a cura

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

sim

teus olhos de mil espirais
engendram o cheiro da flor

sob um ceu sempre estrelado
no chão do planeta no espaço

plantar a alma no mundo
fazer dela brotar amor

infinito tornando instante
cada onda no mar dia e noite

sábado, 12 de setembro de 2009

do gapara ao sacavém

olhando a lua
ao teu lado
latidos e galos contam
que a manhã chega
em instantes

santo riso profano
inocente, louco
eterno retorno
lados da moeda

pela saudade se vive a ausência
tua presença na beira do fogo

celebramos os encontros
acredito, você diz
é o que também penso

ar da madrugada
mais invisível que sombra
piso o chão me sinto em casa

naturalmente fluindo

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

*

ja-ne
la-da
al-ma

*

cada um entende de um ponto de vista
importante é a verdade
acima de tudo

perto e longe todos estamos
cada qual de um jeito
ninguém vive pra sempre

eu sinto e enquanto sentir, tô aqui
não tem motivo pra se antecipar
distância maior às vezes é estar perto

não ficarei falando de saudade e essas coisas
pois sigo em frente
cada qual tem um caminho

a gente se adapta a tudo
orvalho, flores, raios
e o todo inominável

*

tu pode crer nisso que te digo
quero dizer só isso mesmo
quer dizer
esse sentimento orvalha
evapora de manhã
manhã
com teu cheiro


sério mesmo... o q vc quer dizer?

poxa

hj me senti só
queria um abraço teu
olhei fim de tarde
o sol se pondo
beijando o horizonte
como eu beijaria tu
de mudar o dia
pra noite
num beijo

nada mais

quando ando na calçada
além desse normal

nada mais

com você no pensamento
nunca estarei só

nada mais

valei-me esse destino
nada além do meu valor

nada mais

eu não sei se é uma sina
como vim, por onde for

nada mais

além do esforço e sintonia
viver tudo, dar valor

nada mais

no fim o dia termina
volta como começou

nada mais

a natureza ensina
o que o tempo mostrou

*

tem tanta
diversidade
muito mais
entendimento
tamanho da
dificuldade
facilitando a
experiência

*

vamos seguir
vamos seguindo
tem chuva
tempestades
vamos por aí
a sorrir

meu avô

quando criança
encapava meus cadernos
com seus cartazes (no avesso)

quando morreu
cheguei no velório
ele já tinha entrado no rabecão

guardarei dele
essa lembrança
de um caixão fugidio

*

de manhã
escuto o sol
no vento
os pássaros
aqui e ali
sua voz
a chegar

terça-feira, 8 de setembro de 2009

*

babe, eu vejo o caminho
sinto os vestígios
escuto sons
e quando tudo parece uma brincadeira
o jogo ainda acontece
nessa roda da vida
levando nossas manhãs
pode nessa trilha existir a dor
mas o sofrimento é opcional
e os símbolos
de eternidade, o dia que chegará
são todos dados a quem sabe ler
a quem busca entender
babe, pro que der e vier eu vou
o indício desse amontoado de palavras
está em cada parte do que sou e no todo,
com amor

sábado, 5 de setembro de 2009

flanelas

o sentido é um cristal
as palavras ficam na superfície
como uma flanela
procurando deixar lúcido
o sentido
que pode ser expresso num desenho
num símbolo

o mar sereno ondulando sobre o eixo

quando vi os símbolos nas colunas, não entendi
mas é um estudo pra toda uma vida
apenas uma coluna entre tantas
o céu se sustenta

meu mestre é salomão
a ele devo tudo
saúde e obrigação
o segredo de são cosme
quem sabe é damião

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

diálogos

- papai, é verdade que podemos fazer um pedido quando vemos a primeira estrela da noite?
- é meu filho, mas pedidos por coisas boas, não coisas materiais e brinquedos.
- posso pedir pra quando o mundo acabar pra Deus fazer o mundo de novo?
- pode, meu filho.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

*

a pupila da noite brilha
num flash do sol
olho negro & espelho que gira

terça-feira, 1 de setembro de 2009

oração

por nós
eu e você
a vida
o destino

por todos
resistem
cantam
no caminho

por tudo
esses dias
de amplo céu
em giros

A Travessia do Fosso

"Travessia do fosso" significa, por exemplo, atravessar um estreito marítimo ou um trecho de 160 km de mar aberto. Acredito que a "travessia do fosso" ocorra frequentemente na vida de um homem. Significa içar velas, ainda que seus amigos permaneçam no porto, conhecendo a rota, ciente da segurança de seu barco e das condições climáticas favoráveis. Quando todas as condições forem propícias e houver um vento favorável ou um vento de popa, ice as velas. Se o vento mudar a poucos quilômetros de seu destino, você terá de remar o resto do caminho, sem contar com as velas.
Se atingir esse espírito, ele se aplicará a sua vida diária. Pense sempre na travessia do fosso.
Também em estratégia, é importante "atravessar o fosso". Reconheça as capacidades do inimigo e, conhecendo seus próprios pontos fortes, "atravesse o fosso" no ponto de maior vantagem, como um bom capitão atravessa um curso marítimo. Se for bem-sucedido ao atacar o ponto fraco do inimigo, coloque-se em posição de vantagem. É assim que se vence em estratégia em grande escala. O espírito de atravessar o fosso é necessário tanto na estratégia em longa quanto pequena escala.
Você deve pesquisar isso muito bem.




Miyamoto Musashi - O livro dos cinco anéis

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

*

olho a cidade
a luz verde
idade
desses pensamentos
que passam
nos teus braços

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

dia mundial

os cacos do passado
aos pedaços
não podem ser montados

o sol gira
e o universo é tão vasto

um desenho no papel
é queimado

vou correndo você ri
chego perto

braço aberto a rua'ssim
atravesso
vivendo o que há de vir

dia mundial é assim

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

de você pássaro raro

não peço definições
só tua expressão
além de tudo
pelos tempos

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

*

não me interessa ser cortina
de um quarto
escura ou colorida
que só busca a penumbra de um sono

móbiles que ficaram
mesa da cozinha
cachaça de cobra
escada lado acima

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

um pedaço de pau parecido com um cachorro

lembro de uma velha história
sobre portas e janelas
que leva a todo um caminho
o qual nunca é em vão

o banco em frente a casa
fotografado por uma árvore
as mãos, grandes ou pequenas
em um elo muito maior

toda noite deito e penso
olho pro céu, dou todo meu olhar
tranquilo ao lado da mata
vou conhecendo sinto a força passar

e no mais, sei que meus passos
ficam na areia

é muito intenso, quase não consigo
que minha alma se sustente neste corpo
mesmo assim vou seguindo
a paisagem é infinita

penso como pode, como tudo é tão rápido
estar num fio de energia
rodando pelo universo
do qual, às vezes, ainda se escapa

sábado, 8 de agosto de 2009

*

esses tempos de vento
quando o catamarã vai maneiro
passa o boqueirão
com ares de são benedito
e mesmo em alto mar, voam borboletas

domingo, 2 de agosto de 2009

*

desse caminho trago as pedras
onde estão migalhas do ontem
poeiras sobre a imensidão do que foi
espaço para o vazio do amanhã

sobre folhas, papéis rasgados
papéis riscados e tua vida louca

eu sou uma parte e isso é equivaler
a ser toda a engrenagem

terça-feira, 28 de julho de 2009

*

que mundo!
tudo volta
a ser rascunho

*

sol e lua
penso quando dormes
sonho quando voas

*

amores
as flores que colhemos
murcham mais rapidamente

quinta-feira, 23 de julho de 2009

*

um dia desses, um fim de tarde qualquer,
que de tão qualquer nem vai parecer diferente
vamos ver um fim de tarde
de acordo com os movimentos
tédios ponteiros em pulsos
e chatomóveis buzinantes
devorados pelos lírios e pelas
trôpegas mãos que se embriagam
um dia desses, um fim de tarde não pútrido
direi: por que não ligou para
flor ao seu pé ?


(por astroflor e barata)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

*

vendo o fim
nunca
me despedi

*

quanto mais eu me meto nesse tempo
o centro mais ainda baila no círculo
num contínuo a nos distanciar
desse agora triste

nó de alma
que se desfaz

*

tinta acaba
memória falha
amor acaba
tempo passa
vida acaba
o sol paira
todo papel gasta
nessas letras
juntas
encontram o mar

*

pássaro canta
acorda de magrugada
quem lembra?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

*

olho pro futuro
de costas pra um penhasco
onde estão aqueles dias
quebrados lá embaixo

quinta-feira, 2 de julho de 2009

tudo que nos prende ao mundo



a matéria passa
vai entre os dedos
os fios presos
em raízes duras e quase nada
na vida que se aprende

a morte
o eclipse
a cidade
teus luares

o tempo



esse que não mais volta
nem haverá outra forma
outra comemoração
ou alguma nova direção
nas linhas que já foram traçadas

quarta-feira, 1 de julho de 2009

esses dias

tenho pensado no som e no que virá
através desse cotidiano
loucuras e equilíbrios
os amigos são meu elo com muito desse mundo perdido
na aurora dos tempos
no último big bang
foram tantos que nem me lembro...

amor pra cultivar em silêncio
no suor da planta orvalhando
encontro o ideal das sementes
não procuro respostas, nem dúvidas
algo assim num meio termo
nas horas que passam
vai ficando nos dias
aquelas cartas

terça-feira, 30 de junho de 2009

eu no quintal

as mesmas árvores
a cada estação
conversas que passam
como o vento, no vento
no silêncio de estar junto
na volta, me atenho ao caminho
enquanto suas vozes vão ficando distantes
igual a tudo sobre nossas palavras
o balanço dos galhos
melhor não esperar
as folhas caírem
e o que está a melhorar nos sentidos todos
sei que há um momento já plantado, a chegar
escuto o marulhar, sinto a pressão no ar
como numa fotografia antiga
meus passos perdem as cores
na mesma passada se fui pra bem longe
agora desse horizonte calmo, desse canto claro
as sobras de sombras que a luz dissipou
tanto faz

a lua

deu um
passo
antes de
voltar
ao eterno ir
fora de
todo tempo

quinta-feira, 25 de junho de 2009

acordei de madrugada

não era nada
só mais uma vez
parecia que você
estava aqui
mas não era nada
talvez a esperança
ou paranóia
a porta aberta
luzes das ruas
na minha janela

terça-feira, 23 de junho de 2009

*

a natureza nada se cria
já diria jagube e chacrona
ou chácrinha

segunda-feira, 22 de junho de 2009

*

com o inverno
vem o sol
o calor
esfria a alma

quarta-feira, 17 de junho de 2009

nas voltas do mundo

nos planetas no entorno
desse sistema solar periférico
na curva de 2012
o que sobrar é o que nos resta

segunda-feira, 15 de junho de 2009

*

já passei por aqui
é o que penso
de um extremo ao outro

olho pro telhado
quarto sem forro
alma sem lágrimas de dor

vida sem passado
presente sem foco
tudo isso não faço questão

já se foi

quarta-feira, 10 de junho de 2009

noves fora zero

já estive no paraíso
e também em maus lençóis
hoje aqui eu sobrevivo
noves fora zero

passei por várias residências
hoje moro com o silêncio
fui insano e absoluto
noves fora zero

nada um mar onde eu nado
sem ver longe um horizonte
é a sina de um míope
noves fora zero

sexta-feira, 5 de junho de 2009

cheiro de vinho e chuva

aqueles dias
escureceram
amanheceram

pelas estações afora

sem dizer o motivo
as horas

as cinzas foram ao vento
como uma canção

num certo brilho
opaco

os dias marcham
escurecem
amanhecem

continuam, além das vontades
amanhecem
escurecem

apagam

quinta-feira, 4 de junho de 2009

9 meses

da vez que
encarnei
feminino
perdi meu bebê
recém-nascido
e só lembro
da sensação
de voltar sem
ele pra casa
no colo

quarta-feira, 27 de maio de 2009

nesse quarto

um mar de seus olhos surgiu
nem sei por quê
meu coração me garantiu
é pra valer

e agora estou só nesse quarto, nessa ilusão
sigo no mundo e o que aprendo não é em vão

numa das voltas desses ciclos
você passou
tanta poeira gerou confusão
mas já dissipou

e agora estou só nesse quarto
sigo no mundo e o que aprendo não é em vão

terça-feira, 26 de maio de 2009

*

pernilongo
por que estais na dúvida?
a medula da mula
me escuta
plasma pra eles

segunda-feira, 25 de maio de 2009

salmoitura

que bom eu te encontrei
nessas curvas do mundo
depois de tantas voltas
não seria possível crer em tudo
se não fosse verdadeira
a passagem e a forma como vivencio
esses momentos, vento de chuva
me arrepio em toda a alma
sou eu mesmo, não um pensamento
e enquanto aqui estiver
farei sempre que tiver forças
o exercício de acreditar
e seguir
pois cada pessoa, cada história
cada traço que passa em todas as coisas
está unido a uma grande teia
e saberemos onde o infinito há de nos trespassar
nem mais nem menos
dia

segunda-feira, 18 de maio de 2009

deitado no chão

sentindo o movimento do planeta
ao redor do sol gerando som
prestes a amanhecer, o orvalho, o calor do fogo
ouvir a voz de deus é o silêncio
e não estamos sozinhos
percebi quando andei novamente pela praia
olhei minhas várias vidas
sob o céu estrelado
e seus labirintos de nuvens
corri com meus animais
eles agora se aproximam mais
e trazem vozes femininas
do mar, do rio, da floresta
sob olhar de mais uma outra, calada
cachorro, cobras, salamandra, planta, peixe, aranha
o amor, a matilha, meu lado coletivo
trocas de pele, advertências
antídoto ou veneno nas ações e palavras
feitos da mesma substância
a integração com a terra, os ancestrais
quando se falta o ar
combustões e músicas,
podendo cozinhar ou queimar na dança
cuspo no fogo todas as coisas que devem ficar, cinzas
assopro tudo que passou e deve voltar a circular
o tecer cósmico
das grandes e pequenas coisas

*

e foi o ferimento
causado pelo próprio
ataque

que da vida levamos
finais sem despedidas

sexta-feira, 15 de maio de 2009

*

e o povo mesmo
q o povo é um monstro sem cabeça
a turma vir
aih num tem explicação
num momento desses
eu vi
q explicar num adianta nada
se morre calado

*

tenho corrido pra fazer as coisas
nem dá tempo de pensar no depois
eu durmo bem antes

deito na rede
desligo a luz
pego um lençol

a chuva até pode cair
mas deixo a janela aberta

nesses dias
meus amigos estão além das luzes do horizonte
e nos meus pensamentos

faço uma visita, deito na cama, deito no chão
fico à vontade

a menina do caminho das águas
ela sabe o que eu quero

ninguém lê as instruções do jogo
aprendemos lançando os dados

não há ensaios
é valendo

quinta-feira, 14 de maio de 2009

*

o brilho da lua
tem valor
mais que ouro

sou a terra
finco a raiz
não há preço

é dentro
incalculado
vou além disso

quarta-feira, 6 de maio de 2009

*

uma garota me disse
antes de ir embora
que os cacos das coisas que ficam
nem merecem ser colados
e eu concordo

a gente se abraça e depois tanto faz

de que importam
as vidas passadas
se o lance é o agora?

não sei de ninguém
que viveu ao menos um dia no futuro
ou ainda está naquele ontem

tem coisas que marcam
nuances fazendo o caminho
elas são parte da estrada

eu lembro por onde eu fui
por onde eu ia

mas
onde estou
é

pra onde vou
seilá

terça-feira, 5 de maio de 2009

*

tudo me continua
renova
diferente
muda
da mesma planta



sábio silêncio canino
estraçalham-me as palavras
todas formigas
chamam a mesma

*

com o passar
dias
sonhos
estações
amores

as páginas do livro
ficam menores

as bordas
mais curtas

terça-feira, 28 de abril de 2009

*

sem cos te la
fri to um ovo
em si lên cio

na frigideira chique

*

acordo
no silêncio da manhã
a forma sutil
como o sol nasce
sem gritos

apenas o canto dos pássaros

o sol nunca voltou
nem olhou pra trás

*

xingar
um risco
elogiar
um bordado

quarta-feira, 22 de abril de 2009

*

o que passou nesse mundo
vai ser novamente
e por isso
ando na espiral do tempo
como o mar na beira parece que volta
quando se sai dele

segunda-feira, 20 de abril de 2009

levando em conta

q hoje é segunda-feira
começar dançando

sexta-feira, 17 de abril de 2009

você babe blue

se foi
entre várias cores
com a fria sensação
q o passado passa mesmo
isso eu venho dizendo
e o importante
é o q repartimos
com a máxima
de q tudo se multiplica
e o medo é vetor
muito boa sensação
uma equação de como é
como foi

quinta-feira, 16 de abril de 2009

meu passeio em portugal

no porto
com dois violões e um amigo
olhando as pessoas passando
no som
sentado na beira, na cerca
alguns vem e vão
em vão

navio e tanques de guerra
um menino brinca no mar
e tudo flui em sua imagem
num brinquedo a flutuar

ele vai através do pensamento
dentro de um sonho que me ocorreu

segunda-feira, 13 de abril de 2009

taças

depois de quebrar a primeira
já no meio da festa
as outras caem por si mesmas

sábado, 11 de abril de 2009

*

amanhã é questão de minutos
o futuro é muito rápido
p ser passado

segunda-feira, 30 de março de 2009

*

meu jeito
é feito
o silêncio quando canta

cambaleia escolhas
meu jeito
em dança

é o mover num ângulo decidido
o ponto de vista
que dá ritmo ao sentido

quinta-feira, 26 de março de 2009

pra ian

pra quem mostra
o que é ser amigo
com quem saquei
o bom de ir
por aí
a conversa é desdobro
importante é ver no outro
o sagrado fluir
do bem
o ousado ciclo
a viver
participar
das letras
ganhando forma e cor
o sentido existente
no amor

quarta-feira, 25 de março de 2009

*

meu mundo
é feito
de areias
enquanto planetas
dormem
à beira do mar

se é viagem
ou não
cada um tem uma opção
sistema ondas
molhar um só
de cada vez

entendo o absurdo
como prova
da lucidez

*

ali vi
passou assim
no fim do vôo
um ser sem ir
asas abertas
pro devir
e tudo é isso
aqui

*

sempre é
verde
quando passa
a primavera
já sente cinza

*

deito e levanto
cada segundo
suspenso
atento
à sombra do sono
e respingar
de uma manhã
levando escuridão
além da estrela luz
que fica alheia
ao que é oculto
e gira

nesse absurdo mecanismo
de lógica sobrevinda
pelo magnetismo
há trocas de energia

universo sem cantos
onde haverá teia?

terça-feira, 17 de março de 2009

*

quando e enquanto
por esses rumos
e todos encantos
for um com o mundo
e mais que a soma
terei a vida
seguindo pura
indo como a pluma
no vento a sorte
de ter a altura
leve e forte
suave e conforme a estrela do norte
orienta e paira
a mesma história
pra cada olhar
dando o que posso
sei que é fato
a mudança vem pra continuar

domingo, 8 de março de 2009

*

sempre soube onde a casa ia cair
e quando você me falava que haviam goteiras no teto
ainda assim, sabia que havia um entupimento nos ralos
corroendo as pareces e toda a base
eu sabia onde a corda arrebentaria
pois eu mesmo a desgastei
além disso, tinha a resposta e a solução dentro de mim
sempre tive
só não sabia que estava realmente certo naquele tempo
apenas queria me divertir alcançando as curas
e por isso, você achava que eu não queria arrumações
ou falava que eu não levava a vida a sério
mas tudo bem, tudo vai passar
quando eu olho as crianças
vejo que já não sou mais uma delas
assim como quando olho um idoso
penso que posso ou não chegar a um longo caminho

quinta-feira, 5 de março de 2009

*

só posso louvar
o que passou
e o que acho saber
como forma
de estar aqui
amanhã inda não
chegou
sem pressa
e lógicas do tempo
delimitando
marcando
cercando

uma unidade maior
intangível
está a nosso favor
e nem importa
se o relógio parou
naquele instante

*

agora eu sei
posso te chamar
de amiga
posso ir além
das lágrimas
risos, saudade, etc
e uma história
sendo contada
com um final incerto
no mundo
dentro da loucura
que confunde os sábios

vou além em minha ingenuidade
meu único tesouro
carrego de mãos abanando

*

encontro sua pessoa
após ciclos
dias diversos
sonos e insônias
mas agora
eu passo

eu ainda procurava sangue
numa ferida que cicatrizou
mas tudo mudou

amanheceu
anoiteceu
somos o que permaneceu

*

passeios sem amarras
carinhos sem perguntas
perguntar sem intenções
além de tirar dúvidas

quero ver você livre
como antes do florescer
das raízes e frutos
para além da matéria

quero ver você
passar pela rua
feliz cantarolando
aquela melodia sua
de chuva, de flor

dente de leão voador
sempre

*

fim do verão
tive uma brisa sua
mostrando o momento
agora não foi

já não éramos como antes da primavera

nem seremos passado
pois sigo o infinito
onde jogamos os dados

sábado, 28 de fevereiro de 2009

*

vou dormir
passear
passar por ti
sempre há
um fim
pra mostrar
de seiva
evapora
liquefaz
em qualquer maneira
como se houvesse
antes
aspas e areia
terra
o tecido
a tela o plano
construído
na forma como vejo
o som despedido

*

roda a sorte
cabaleando
nas escolhas
de apostas
das minhas mínimas memórias

dou a dica
mas não falo nada
além de
siga a trilha
e permaneça
todo esse ciclo
de cadências
em equilíbrio

conhecido pelo escorregão
levantar
assim é feito
e assim na beira
não há eco nem sangra

*

o sol ali
entre nuvens
este momento
de mudança
em sombras
e nuances
amanhece de novo
sem pesos
ou esperanças
para o sono derradeiro
horas muitas
esta e aquela
infinita é estrela
que apaga

impossível
poça de água
tranco o destino
ao meu jeito
mas é o feito
que o tempo canta

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

*

quando o dia amanheceu
as pessoas voltaram pras casas e cotidianos
e eu saquei o movimento

os pólos geomagnéticos do planeta
me guiaram a seguir em frente
de acordo com o momento

sei o caminho
de dentro pra fora
de fora pra dentro

sou um pássaro
no V q se forma
quando seguimos juntos pelo céu

vi vendo

conhecer sem medo
onde o fogo cozinha
onde o fogo queima

sensação de



distância


de costas pro espelho
acenando pras pessoas
sorrindo no consentimento

sábado, 21 de fevereiro de 2009

zik

nesses dias escrevemos
mais do que se joga
por sobreviver
muito além de somente continuar

vislumbro os sonhos e diluí
uma lembrança
apenas uma lembrança
de ti

tão quieta que era mais que chorar
quando a chuva da madrugada
soletra razões pra cair

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

chuva na janela

depois da tempestade
secarei todos grãos da tarde
num olhar de menina
que ri de si mesma
e tem um mistério a partir da sua verdade
que por ser desvelada é oculta
e no sorriso demonstra um caminho
que é longo e sereno
de lábios de carne e som
pergunto onde estão minhas sandálias
e ela está com a certeza
de toda improbabilidade
basta apenas esperar a volta
e o momento de olhar onde estávamos ficando mais longe
a caravana foi bela e somos remadores
mais do que se pensa

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

além do além

um pequeno lapso
é do tamanho de uma vida
ou início do final

durando uma eternidade
a lembrança do que vale a pena

melhor não importunar
mas tive medo quando a vi de perto

tão perto que o sono me levaria pra sempre
como um sonho

e a cada instante em que sobrevivia
mais eu lutei pra voltar

o sorriso de quem gosto aparecendo na mente
quando eu pedi pra não ser minha hora

nos momentos seguintes, na hora vazia
sua sombra ficou a pairar

nessa lida a vida também rima
enquanto a morte faz estrofes

vamos seguindo em frente

domingo, 15 de fevereiro de 2009

voltando de cajual

aprender a se preparar
como saber tomar banho e se vestir
na rotina a manter
viajar e depois voltar
ela apareceu nessas voltas do mundo
em outro ciclo, na mesma engrenagem
enquanto eu vou nesse caminho
de buscas da essência e além de belezas
mas ainda assim ela é bela
como é a praia vazia
e não tenho palavras, literalmente
pra expressar
por isso tenho os olhos que passam
deixando orvalho e sal na paisagem
entre tantos momentos da descoberta
este eu foquei na concentração
e tenho comigo seu canto em algum lugar dentro
desses que não se sabe se haverá um dia
outra chance

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

nesse mundo

deitado na rede
eu na persona impura
e non grata
da alma
o chão que trinca
a lâmpada espoca

sentado na grama
a menina com pétalas na voz
diz pra eu ficar
ou então voltar
um dia
antes do tarde demais
e prazos de comida congelada
nesse mundo

eu trago as cores imperceptíveis
das pessoas
na praia o campo
de girassóis e
margaridas

estarão murchas
antes do sol raiar

casais e mijo na água

outra pessoa você
me planta e me arranca

o clarão
entra na janela
espanta a sombra
dessa solidão

a gente riu, chorou
e não quis mais
saber
se era dor ou prazer
na embalagem

todo o amor me
atravessa
na ponte, os olhos

não quero pensar
não quero saber
nem quero morrer
mas cadê você?

pois sei que tudo vai
e parar pra discutir é
um balão a estourar

domingo, 8 de fevereiro de 2009

*

olho a cicatriz
tá ali a marca
a dor parece, mas não mais

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

um dia chuvoso qualquer

passo entre quem não sabe
que estou sozinho

usando meu novo disfarçe

o tempo da planta
a natureza tece

sem o humano tentar
a paciência padece

não adianta puxar uma planta
pra que cresça rapidamente

agindo assim ela é arrancada
de seu ciclo interno

hoje (ontem) e quando?
a certeza está ditando a razão
pra verdade dela

enquanto a questão é usada
pra tocar a alma da terra

domingo, 1 de fevereiro de 2009

equações do tempo

tempo fora do tempo
quatro cogumelos
amiga faceira
faz a a saia rodar

me convida pr'almoçar
ela me faz rir
e a brincadeira não passa
concreto do banco da praça

tirando de letra
números inteiros

metade de xícara
um copo de água

fui picado de aranha
dói beijo de fada
quando acaba

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

*

não serei mais o aconchego
a calma
nem o dia chuvoso
estarei neles mas sou o reflexo
o orvalho de cada manhã
na data que não chegou
vejo o campo vazio
depois de colher tempestades
estou a semear novos bosques
mesmo sabendo da verdade
o tempo é exíguo
e as árvores da paz
podem vir depois dessa existência
mas nunca tarde demais

domingo, 18 de janeiro de 2009

orvalho em desatino

o lance é a forma
como nos colocamos
frente ao processo coletivo

sei da batalha
entre o mundo e o umbigo

superar é ir
rumo ao futuro
para além de onde sempre queríamos

superar é ir

se permitir guiar
pelo abstrato do destino
com a segurança
no orvalho em desatino

esta é pra você
ir sem ficar

lua

que foi embora
de saia branca
para sempre
divina e louca

só não segue em frente
a água parada

esta é pra você
transformar

tanto faz (acupuntura cósmica)

não tenho mais
espectativas
pra um tal
vez
quando estamos

tanto faz
não importa
apenas não importa

estou aqui
além do frio
e não me rendo
eu não me rendo

estou aqui
de dentro e de fora
no brilho com luar

estrelas e planetas
perfuram minha alma
até o sol raiar

sábado, 17 de janeiro de 2009

pelo que passa

olhar o q se passa
onde pisamos
e o q somos
perto do que podemos
poderíamos? não...
vamos
e se tropeço, é pra pisar mais firme da próxima
ou ser mais suave, sempre

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

palavras são umas formigas andando atrás de açúcar do sentido

por isso o silêncio é serenidade
estar com o interior
e ao mesmo tempo não se interiorizando
mas estando presente

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

lição do noves fora nada

o meu melhor tão pouco
nesse mundo de ilusão
passei caminhos e lugares
pichados com excessos

tanta falta do amor
nesse vale de solidão
me pergunto se valeu a pena a dor
pois da vida nada se leva
muito menos a lição que dela se tira