sábado, 17 de setembro de 2016

leve voar
deixar o pouso sem pena
sem saudades ou remorsos
nem medo
nada pra buscar
nem algo ainda no caminho incompleto
leve voar de passarinho
ao sabor do vento

domingo, 28 de agosto de 2016

as flores
no meio da floresta
nunca vistas
são o mistério desconhecido da humanidade
que se perfuma de lixo comprado por um alto preço
na troca do que nada vale

domingo, 21 de agosto de 2016

madrugada
toda noite tem um fim
de claridade
que é suave

o nascimento
trânsito entre dois mundos
é a morte da eternidade
semeada no infinito

sexta-feira, 17 de junho de 2016

o início e o fim das coisas
é indeterminado
imprevisto
e de fato
é um ato
assim

terça-feira, 14 de junho de 2016

*

gravando a ideia
de um instante
para recordar
o momento
num deleite do esquecimento
que lembra
relembra agora
se vai no tempo
e dá muitas voltas

sábado, 30 de abril de 2016

o tambor ecoou
no som que pensou
o silêncio

o pensamento vibrou

e o silêncio se calou
a linha do mar no horizonte
alivia
                mesmo que
não escute
as ondas do mar

mas ali, quase

quando vou pras montanhas,
cerrados e cordilheiras
os rios me levam ao mar

no caminho
uma parte chove
para que as flores
lembrem assim
chegar ao ponto de ir
chegar a ir
e chegar
e ir
até chegar a ir
ao ponto de chegar
ao ir
para onde se quer
chegar
para onde ir
chegar a ir

se quer chegar
no caminho
em silêncio
a palmeira passa
num imenso tempo
daqui dessa mirada
qual o motivo?
qual o motivo para a pressa e

para a calma?
as folhas das árvores
dedilham o ar
beliscam as nuvens
mostram por onde
passa a água
o vento me envolve
e permaneço imóvel
com os pensamentos

eletrizados
alguns acertos
são esquecidos
pra tbm serem errados

mito que refaz
um caminho
circular

em torno da história
luz diagonal
no banco quebrado
entre as folhas
leque nas árvores
a aranha salta
mas sempre se dirige
para o alto
pensei que havia pisado a minhoca
mas ela rasteja para longe
as pessoas fazem escolhas
mas também arriscam
e deixam o futuro

nas mãos do acaso
escorre no chão
a água da chuva
serpenteia
no caminho que faz

tiro a poeira da sala
enquanto ela se une com a

árvore
a vida é assim
fica a mensagem
ir onde puder ir
nessa imensa viagem

aqui, onde é aqui
de cada lugar
de cada pessoa

ao se questionar?
quando ñ
houver mais
humanidade
eu quero ser

um pássaro
mais uma vez chego
ao início das coisas
uma nova partida
no tabuleiro dos dias
sobrevivendo
em meio aos resultados
chegando
apesar das peças perdidas

mas chegando
a paisagem que reconheço não é
mais a mesma, apesar das árvores que
lá estavam muito antes de chegar
as pessoas se foram, após completar ou
abandonar os ciclos, permanecem os
gatos alimentados pelos funcionários, em
mais uma, a enésima geração desde o

primeiro que chegou. os mosquitos
a cidade lá
embaixo
não dá a medida
do que alcanço
e do que me
escapa


transições que pairam
as cidades
tantas ruas
estou na sombra da tarde
fixado fora da imagem

vendo a paisagem
sinto que não estou
aqui nem aí
sou energia em
transição
querendo movimento
rumo ao caminho
chega o sol

na paisagem
viagens
da cabeça
ou rodando
no planeta
que gira solto no espaço
bom estar
transformando

e transformado
tocar a música
que não sei
como foi gerada
entre meus passeios
com um instrumento
não lembro o que
toca no rádio
mas sei esquecer
o que faço

lembrar

imaginar
"como mirar ao redor
escutar ou saborear
sem o deslumbre das sensações

sentir
sem ser
quais dependências chamamos de gosto
quais carências trocamos por rostos
de plástico
na euforia a cidade nos devora
imigrantes passam a perna e
comércio formal rouba disfarçado

tudo é moeda
tudo é troca

justificamos para nós mesmos
como experiência
mas sem ver lembramos
de poucos dias atrás
que dirá dos muitos anos

se aprendemos algo
não guardamos em fotos ou escritos
mas insistimos em lembrar

26/12/15 rodoviária de coimbra"

lembrar
movimento de refazer linhas
traçando movimentos
que às vezes retorna
como proporções de espaços
naqueles tempos
que visito agora
no que passa
reminiscências do que passou
caminho de paz
pax hado
num idioma desconhecido
em trocas de significados
busca por decifrar


16-01-16 rodoviária de barcelona

a memória

pensar no tempo
expandido
pela cidade

idiomas dos espaços
despertar
e alegrar
na alvorada

escrevo a ti, que vem

a partir de agora
luzes nas cidades pegadas de mais
uma claridade reflexo de voo de
pássaros motor de ônibus seus passos
folha cai ferros tinindo correia de
bicicleta embreagem pequeno filme
preto e branco intencional o cachorro
corre atrás de pombas que voam sem

saber o motivo, num puro instinto
a música urge
é o grito que resiste
dor apaziguada
alegria propagada no ar
vou de bolsos vazios
por milenárias cidades
e o que importa é sentir a vida
não ser engolido pela máquina
filas de turistas
trajetos determinados
comércios desenfreados

engolindo as pessoas
idem
um dia não é igual ao outro
como as folhas de um caderno
e ainda mais num diário
idem
a vida e as oportunidades
a juventude e todas idades
idem o frio e o calor que faz
em qualquer cidade
ou fora delas
                                     idem
uma única vez
a última vez
a vida e a morte
mesmo quando se morre demais
idem
nunca se volta atrás
para encontrar o que ficou

é preciso seguir adiante

segunda-feira, 28 de março de 2016

vento

nuvens que voam no céu
refletem na água do mar
desenhos que faço na areia
vem o vento e refaz

enquanto o sol vem e o sol vai
e a vida se liquefaz
no som secreto do tempo
ouço um pássaro em algum lugar

seu canto me avisa que a vida é leve
e escapa no ar
seu canto me avisa que a vida é breve
e não volta jamais

os desenhos que estão na areia
vem o vento e refaz


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

nesse momento pensando isso
de aqui estar
em meio ao mundo que gira e voa no espaço

mar, pôr do sol e luar