sábado, 27 de fevereiro de 2010

*

me sinto estranho
tenho mais palavras
que interlocutores

as conversas
parecem escassas

vou ficando nos
com licenças &
desculpas

dessa vida

motorista, abre a porta aí
por favor, quanto custa?

ninguém sabe
e nem quer saber

deitado

olhando pra frente
que é em cima
além da montanha
na brecha de céu
que me cabe
nesse universo
também cela dos viventes
tela por onde passamos
para além do vidro
nem sendo alma seria assim
vou me colocando
onde devo ficar ou pousar
de voos e pensamentos
na minha forma de procurar
assim desse jeito
vou aprendendo

um dia disse coisas
sobre dias nublados
sobre cantos com cestos
roupas e livros sobre a cama
um dia

*

aprendemos
com os acertos
e os erros
que nos acertam
sem erro
aprendemos

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

voluntário

não sou apenas uma adaptação
de um mesmo mundo
nem mesmo sou a cópia da paisagem
sob uma mesma ótica
tem mais
não sou nem planeta, nem sol nem lua
mas coexisto com eles & tudo
em igualdade de existência
dentro desse movimento
que vivemos

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

*

de volta ao rio
para banhos que banharei
além da água evaporada
com a qual certa vez
me lavei

chove
(quase o café queima)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

sonho no quarto da velha

a galera de outro planeta quando pinta na terra não vem de longe, mas aparece perto. as duas meninas de babydoll entraram no quarto juntas. eu tento pegar o ferro de soldar antes de entrar também, mas um alien passa perto e me escondo na mata ciliar. intuo que o sonho está para acabar. por isso, preciso me concentrar e usar o pensamento plenamente antes que o dia amanheça ou os ácaros me devorem

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

*

depois da chuva
cantos molhados
que desviamos
em passos irregulares

pisadas bêbadas
cambaleando
zigue-zagues

depois da chuva
aguardamos uma forma de secar

só pra constar

quarta de cinzas
quinta de fênix
sexta & sétima
sustenido bemol

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

parede

dormindo acordado
com a cabeça pra lá
vendo pessoas passando
ondas no mar

molhando as coisas nas gavetas
mesmo enroladas
em ilusões de plástico
creme dental

vagando por aí
ou ficando onde está
sentada no chão
parede pra encostar

dormindo acordado
é tempo de mudar
permenecendo intactas
as ondas no mar

não sei se rindo ou repousando
olho 90 graus
enquanto saio pra lá da porta
e além da janela
e vem o sol

sábado, 13 de fevereiro de 2010

parque laje

o peso das borboletas
faz balançar a folha

som da outra
tocando o chão

ar pra respirar
esqueletos de folhas
sobre pedras sobre pedras

olho pra cima
chuveiro-árvore
chicote de três pontas
mate gelado escondido na árvore
rapé a pé
banho no alto e desço com a
água

*

cara, vi tuas lágrimas
mas não poderia
arrancar teus olhos
nem fechar os meus
deixe-a seguir
disse meu instinto
sabendo das partes
retiradas, colocadas
reorganizadas
e por isso, segui

*

vamos estamos somos
passando no plano
com idéias
acontecendo
nas ações da vida
temos uma percepção
de onde tudo começa
nessa trilha
a vida segmento de reta
sem vírgulas

*

as cores se abrem
com luz
vibram
em diferentes suores

você joga em mim
o antidesprezo
como uma pluma

renascendo a cada dia
no inverso do sol

brihando
refletindo

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

*

uns tomam lactopurga
outros vão de imosec

e há quem diga "que merda!"

cada qual tem uma filosofia
para a busca de um sentido