quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

entre o sonho e o acordar

na sua partida
as limaranjas
estavam maduras
dentro de quartos escuros

eu ainda era
o cão de companhia
e as mangas rosas apodreceram

mas você não viu isso
pela janela

as crianças se aproximaram
você pareceu não se lembrar
que as colhemos um dia

o gosto da casca
é de boca amanhecida
difícil encontrar luz
você provou e desceu a rua
em qualquer companhia

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

22.01.2008

com chuva e sem cachaça de canela

sempre que chove
eu sei
que naquela rua
me perdi
e hoje não me acho
mesmo sabendo onde estou
e crendo na ideia de um caminho

isso quando o devaneio
apontava a direção
hoje os rastros de meus passos
já não ficam pelo chão
e as palavras que escrevo
ou canto ao violão
não se perdem na sua percepção

como posso daqui
dizer o sabor da paisagem
que nunca mais saberei
se realmente vi?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

*

coisas boas aglutinam
impostas não
o que é bom sai do coração
tem o esforço do pensamento
o inverso é premeditado

os fins não justificam os meios