quarta-feira, 27 de maio de 2009

nesse quarto

um mar de seus olhos surgiu
nem sei por quê
meu coração me garantiu
é pra valer

e agora estou só nesse quarto, nessa ilusão
sigo no mundo e o que aprendo não é em vão

numa das voltas desses ciclos
você passou
tanta poeira gerou confusão
mas já dissipou

e agora estou só nesse quarto
sigo no mundo e o que aprendo não é em vão

terça-feira, 26 de maio de 2009

*

pernilongo
por que estais na dúvida?
a medula da mula
me escuta
plasma pra eles

segunda-feira, 25 de maio de 2009

salmoitura

que bom eu te encontrei
nessas curvas do mundo
depois de tantas voltas
não seria possível crer em tudo
se não fosse verdadeira
a passagem e a forma como vivencio
esses momentos, vento de chuva
me arrepio em toda a alma
sou eu mesmo, não um pensamento
e enquanto aqui estiver
farei sempre que tiver forças
o exercício de acreditar
e seguir
pois cada pessoa, cada história
cada traço que passa em todas as coisas
está unido a uma grande teia
e saberemos onde o infinito há de nos trespassar
nem mais nem menos
dia

segunda-feira, 18 de maio de 2009

deitado no chão

sentindo o movimento do planeta
ao redor do sol gerando som
prestes a amanhecer, o orvalho, o calor do fogo
ouvir a voz de deus é o silêncio
e não estamos sozinhos
percebi quando andei novamente pela praia
olhei minhas várias vidas
sob o céu estrelado
e seus labirintos de nuvens
corri com meus animais
eles agora se aproximam mais
e trazem vozes femininas
do mar, do rio, da floresta
sob olhar de mais uma outra, calada
cachorro, cobras, salamandra, planta, peixe, aranha
o amor, a matilha, meu lado coletivo
trocas de pele, advertências
antídoto ou veneno nas ações e palavras
feitos da mesma substância
a integração com a terra, os ancestrais
quando se falta o ar
combustões e músicas,
podendo cozinhar ou queimar na dança
cuspo no fogo todas as coisas que devem ficar, cinzas
assopro tudo que passou e deve voltar a circular
o tecer cósmico
das grandes e pequenas coisas

*

e foi o ferimento
causado pelo próprio
ataque

que da vida levamos
finais sem despedidas

sexta-feira, 15 de maio de 2009

*

e o povo mesmo
q o povo é um monstro sem cabeça
a turma vir
aih num tem explicação
num momento desses
eu vi
q explicar num adianta nada
se morre calado

*

tenho corrido pra fazer as coisas
nem dá tempo de pensar no depois
eu durmo bem antes

deito na rede
desligo a luz
pego um lençol

a chuva até pode cair
mas deixo a janela aberta

nesses dias
meus amigos estão além das luzes do horizonte
e nos meus pensamentos

faço uma visita, deito na cama, deito no chão
fico à vontade

a menina do caminho das águas
ela sabe o que eu quero

ninguém lê as instruções do jogo
aprendemos lançando os dados

não há ensaios
é valendo

quinta-feira, 14 de maio de 2009

*

o brilho da lua
tem valor
mais que ouro

sou a terra
finco a raiz
não há preço

é dentro
incalculado
vou além disso

quarta-feira, 6 de maio de 2009

*

uma garota me disse
antes de ir embora
que os cacos das coisas que ficam
nem merecem ser colados
e eu concordo

a gente se abraça e depois tanto faz

de que importam
as vidas passadas
se o lance é o agora?

não sei de ninguém
que viveu ao menos um dia no futuro
ou ainda está naquele ontem

tem coisas que marcam
nuances fazendo o caminho
elas são parte da estrada

eu lembro por onde eu fui
por onde eu ia

mas
onde estou
é

pra onde vou
seilá

terça-feira, 5 de maio de 2009

*

tudo me continua
renova
diferente
muda
da mesma planta



sábio silêncio canino
estraçalham-me as palavras
todas formigas
chamam a mesma

*

com o passar
dias
sonhos
estações
amores

as páginas do livro
ficam menores

as bordas
mais curtas