quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

nascer

sair do banho quente
no inverno

buscar a toalha
é viver
pra se enxugar

às vezes
a toalha tá longe

é preciso deixá-la
o mais perto
ou sair do banho
e recomeçar

etc
ressuscitar

*

não estou atrasado nessa vida. cada qual conhece sua caminhada e sabe de onde vem, o tanto que andou de sua casa

aprendizados sobre a família, sobre a dedicação, compreensão, amizade, convívio com os semelhantes. aprendizado sobre a natureza e a importância de cada coisa, de cada lugar. valorizar a alma que me habita e cuidar do corpo que a abriga.

também não estou adiantado. sigo junto, para repartir com todos. tenho inúmeros desafios e vou tratando de solucioná-los um a um.

erro e acerto no caminho. aprendo com ambos. estou aqui para dar todo o meu amor em cada gesto, palavra e pensamento.

aprender

*

queima a vela
noite adentro
busca o dia
mesmo sem alcance
suas cinzas
trazem o sal da glória

o fogo
separa o corpo da alma

a decomposição
transfere um elemento para outro

a luz externa desaparece
mantém viva a luz interna

voa sobre o nada
além da chama que destrói

*

alma é
um olho de fogo
um espelho
que dissolve e suga a matéria

*

não estamos sós nesse mundo
tão alto e profundo céu
o brilho dos astros
resplandece a noite
quanto mais escura for
tanto maior é a certeza
do mais alto e o pequeno
em suas intangibilidades
que meus caminhos sejam de luz
e a força maior minha lanterna

amém

tô no rio 2010

liso e sem emprego
com fé e esperança
é o que tenho
pra seguir
ainda não sei como vou
se volto
tenho meu valor
aquilo que sou
e sons pra construir
enquanto não há flores
sou desacreditado
meus brotos não parecem árvores
não crescem da noite pro dia
ou melhor, crescem
independente de quem perceba
seguirei, sei que chegarei

*

o mar dissolve
as gotas
os nomes das praias
grãos de areia identificando
a correnteza
o ciclo lunar
calor do sol
amores que a vida trouxe
à margem

horizontes
novas manhãs
chuva, suor, sangue, lágrimas
ondas que batem
fazem o som do momento
a imagem, a foto
une os povos pela distância

sonho

um peixe num prato d'água
se debatendo
dois outros agonizam
deixo o cd, cai no chão
tudo bagunçado no galpão
muito lixo
o cara matou a pau, fugiu
pintou o cabelo de loiro
eu falo pra ele "é uma pena"
coloco os outros dois peixes
no mesmo prato
entro no carro
atravesso a ponte e acordo

*

faz calor
desastres na tv

estarei vivo?
toca o telefone
pergunto e respondo
continuo só

colorido, caro
cheio de gente
cada qual tem
um estilo diferente

vendaval, chuva
sacos no mar, no ar
pombos, gaivotas
macacos e mucuras

*

rio de janeiro

dia de são sebastião
três janelas
no outro prédio

quatro mulheres
três sofás

o comercial coincide
uma vai observar da janela
outra sai do campo de visão
a vela apaga
uso a lanterna do celular
seguro com os lábios

a cidade produz aceleração
& buzinas