estava voltando pra casa
no meio da rua uma aglomeração festiva de terreiros
muitas gente de branco
duas rodas de pessoas
chego pra olhar a primeira
me pedem licença pra Nanã passar
ela entra na roda
é uma senhora e está com roupa branca com detalhes vermelhos
a outra roda, com alguns detalhes azuis, é pra Ogum
sonho ainda que estou pelado no metrô
tomando banho na área de embarque
na esquina dos túneis chega um trem gigante, com poucos vagões
passa quase destruindo o túnel principal, entortando os trilhos
parte II - acordado, dia 26 de junho, um sábado ensolarado
fui no parque lage com Jane, Heidy e Letícia
passeando perto da Lagoa dos Patos, o óculos de Jane cai na água
praticamente salta de sua cabeça
nos domínios de Nanã, perto de Oxum
neste local elas estão muito próximas
e confundem à primeira vista
vou buscar pra Jane, entro na água
mesmo imaginando se há uma jibóia por ali
o chão de folhas em decomposição é fofo
quando piso surge um cheiro característico, entre a névoa de lama
depois tomo um banho de cachoeira, antes de ir pra aula
parte III
na aula de arte sonora, um vídeo é exibido:
trans europe express, do kraftwerk
aparece um trem enorme, com poucos vagões
fico encucado com o sonho
parte IV
chego em casa de noite, procuro no google algo sobre Nanã
a seguir, alguns trechos do que está escrito na wikipedia:
Nanã Buruku é um nome pertinente a um vodun e orixá das chuvas, dos mangues, do pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne).
Nanã é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como "Mãe-Terra Primordial" dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia ser equiparada à deusa greco-romana Deméter-Ceres-Cíbele.
Protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais. É um vodun, segundo alguns pesquisadores, originário de Dassa-Zoumé, é uma velha divindade das águas.
Dia: sábado Data: 26 de Junho
Domínios: Vida e morte, saúde e maternidade
Saudação: Salúba!
Certa vez, os Orixás se reuniram e começaram a discutir qual deles seria o mais importante. A maioria apontava Ogum, considerando que ele é o Orixá do ferro, o que deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das armas de guerra, dos instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas para uso doméstico e ritual. Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não era tão importante assim, torceu com as próprias mãos o pescoço dos animais destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso que os sacrifícios para Nanã não podem ser feitos com instrumentos de metal.
fiquei intrigado com todas sincronicidades
posto aqui uma canção que compus em 2006
samba dos barbilhões
o reflexo do espelho, chego a duvidar
ela mora no rio, e já quis me levar
conheço seus caminhos, neles encontro o mar
e quando me visita, sei que posso não acordar
mas eu não ligo a luz, até sua voz escutar
talvez num desses dias, vamos nos encontrar
enquanto isso eu sigo, como um peixe a nadar
vivendo minha vida
sangro e a máquina quer que eu chore
quer meu tempo e minha força
a máquina quer disfarçar seu frio com minha alma exausta
calor de parede em fim de tarde
logo tão fria quanto a carne
destituída de direitos, da vida
afunilam-se várias gerações moídas em série
enquanto poucos tornam-se incapazes de continuar a produção
seja o mendigo, o alcoólatra, o jovem, miseráveis e enfermos
o último dos vagabundos, sempre o último
a lâmina capacitando com arte cada pedaço cortado
a tornar-se um óleo feito da essência humana para a combustão
a máquina quer gerar, mas é estéril
por isso, devora todos os filhos
enquanto toco a música
através dessas ilusões
mas eu não ligo a luz, até sua voz escutar
talvez num desses dias, vamos nos encontrar
enquanto isso eu sigo, como um peixe a nadar
vivendo minha vida