pra que serve um grito
na calçada, na calma, pé descalço
no silêncio embarcando súbito
uma nau que partiu
sorriu, acabou em prantos
navegou nas lágrimas e descobriu
o interior no fundo a correnteza
por onde o rio segue
a chuva desçe e vai
e assim por diante
cada dia, uns menos ou mais
enfim
é isso que vamos
poderia nem falar disso, mas
enfim, é isso mesmo
não é clássico, nem muito lírico
transcendência, tocando teclas de um notebook
numa sala vazia
o desenho seco no chão
natureza na mesa, quase certeza
e a fruteira é muito bonita
como era e sempre foi a arte
narrando a sensação de não haver palavras