sábado, 27 de novembro de 2010

*

sem sono

e sem as palavras

que
tanto querem se colocar no lugar da ação
quase materializadas, palavras-coisas
sem sono eu caminho pela escuridão
tateando letras que se fazem escritas
letras, letrinhas, uma sopa de sentidos

os 3 sons da madrugada, baques de ferro
as lágrimas que secam
olhos ardem
e tudo vai passar

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

olhar

alguns momentos
não sei se sou porto ou barco
se vou se estou
indo, não há voltas
nem chegar

tem isso que vemos
uma vela acesa ainda

tem isso em que cremos
lembranças e pensamentos

tem o que esquecemos
por isso sonhos não tem peso

*

quando sou terra
me banho de chuva
secando ao vento
para voar
ou sendo alimento de planta
num tempo incontável
pra ficar
em impermanências
a paisagem é a mesma
nas imagens e edições
únicas que somos

*

decidi pisar na trilha
seguir a história
que ela conta

uma fada pousou em mim
e voou

me pergunto das minhas asas
em imaginação plano
há um horizonte

pois quando rompe o casulo
é pq não dá mais
se expande e o vento seca
torna leve

sem perceber já no ar

*

choro, sonho
não lembro
esquecendo de esquecer
memória
escombros e ruínas
que um dia foram cuidadas
permanecem mais que as pessoas