quinta-feira, 22 de março de 2012

o sangue ferve

de frente pro muro, muito perto
um quadro enorme indefinível
de costas pro abismo, sem saber
a quantos passos exatamente
buscando ver a imagem inteira
quem sabe
a derradeira

quem sabe pular
o muro deserto
decerto ou somente
não há nada além dele
quem sabe?

parede tem dois lados
mas nem sempre um fora
que separa

segunda-feira, 19 de março de 2012

sou contra aplausos, pois matam mosquitos

vidro quebrado
com guitarra
pelo direito de intimidar
prefiro aqui meu lugar:
um palco vazio
onde esqueço os sons
que fiz

e me divirto
brincando de lembrar

folha arrancada nº 02

agora
é assim
vem
e passa

folha arrancada nº 01

começar a escrever,
a palavra na folha
desapego do novo
no caderno
a vivência está no
movimento
da mão e assim
sucessivamente, no
entorno de dentro
e de fora
sonhos, pensamentos
num trecho do
espaço e tempo

quarta-feira, 14 de março de 2012

nesses dias

de cantar
sorrir, chorar
e calar
que vão passar
dias de correrias
dormir, acordar
e cansar

temos que planejar e jogar
mesmo faltando muitas cartas
e algumas das peças certas
ou até esquecendo as regras

ninguém vai lembrar da voz
do riso, das piadas toscas
das cartas marcadas
momentos no escuro
quando vemos os vagalumes

vou pensando assim: [][][][]
as letras brincam
embaralham as ideias que tive
e esqueci

pego o telefone para ligar
torno a colocá-lo no bolso
como quem quer apenas saber das horas