domingo, 6 de dezembro de 2015

na verdade, vou passando o tempo
pegando sol como um lagarto
dou uma volta e volto ao sol
que fez tudo viver
essas palavras foram feitas
pelo sol
(no espaço vazio que não há
folhas caem e por perto
cantam os passarinhos
durante sua jornada)

sábado, 5 de dezembro de 2015

aqui, como o sol que se move lá
às vezes parecendo longe daqui
numa regularidade captada
e já não tão surpreendente
há um infinito a conhecer
conhecido em partes
entrelaçadas.
fui tantas pessoas
e cada uma delas foi
disfarce de inúmeros personagens
encarnados e desencarnados
desconhecidos de mim
a velocidade não me alcança
e se perde no caminho.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

longe de tudo
minha alma se descorporifica
mantendo os sinais vitais
existo nesse momento
nas folhas amarelas do outono
fadadas a voar e desaparecer
com o vento e a chuva fina
são páginas viradas de outra estação

dentro, somente dentro
segue a luz que acalenta
e guia no caminho

meu peito apertado
com saudade do seu abraço

domingo, 23 de agosto de 2015

alquimia da vida
transformar
o amanhã
em hoje

quinta-feira, 20 de agosto de 2015


andorinha
voa
ando
passando
os pensamentos
filtrados pelo silêncio
num gesto no ar
fica a verdade
o que é fora dela se vai
gratidão é amanhecimento
da consciência
flores que voam
no bico de um passarinho
sem nome, nem espécie
passarinho pequeno
reflete a luz

quinta-feira, 9 de julho de 2015


o sol toca o horizonte
parece sumir
no exato instante em que surge
noutro lugar
ou a terra que varia
e o sol aglutina sua pequena constelação


existir e deixar de ser
ambos simultâneos


nascemos pra uma nova vida
quando morremos para a antiga

meus pensamentos
em cascata se materializam na escrita
no papel, que voa e rasga
e se dissolve
nas ideias digitadas
num campo liso, já destituído de teclas
campo de pensamento
de real abstração
desmaterializada

sexta-feira, 27 de março de 2015

na sala
a única janela
é a tela
às vezes nublada pela conexão
é como uma roupa apertada
um caixão que apertaosdedosdospés

terça-feira, 3 de março de 2015


cada gota de chuva
foi mar, foi rio
cachoeira
infinitas vezes
correnteza da madrugada
que deve molhar
há de secar
para seguir sendo
água
que cai

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

aceitando com carinho as topadas do caminho

nesse caminho o ensino é:
mais compreender que ser compreendido
na luz que luzia no horizonte do sono
até o momento que,
desperto,
permaneço de olhos fechados.

sabendo dos erros que cometo
e dos que as pessoas cometem com pouca fé
quando deixam o presente trancado
e esperam que o futuro melhore
se nem mesmo buscam a mudança
dentro de si mesmos

tenho um pouco de alívio
pois hoje sinto que o que posso é pouco
e o pouco que posso é o que faço
é o que busco em minhas alquimias
mesmo sabendo que com isso
pouco o mundo será mudado
e as mudanças serão breves
só durando o tempo de duração do esforço.