quarta-feira, 26 de julho de 2017

documentos, roupas
coisas amontoadas
nas costas de um
caramujo que vai
sempre caminhando
rumo ao futuro

a pressa cansa
a paciência alcança

terça-feira, 25 de julho de 2017

as cidades onde vivi
surgem, mas já existiram
cada uma com suas
entradas e saídas
encantos, segredos,
mistérios e perigos
aqui o vento seco
levou minhas lágrimas
num acalanto frio
trazendo o outono
vento seco
trouxe uma chuva fina
tudo tão no início

segunda-feira, 24 de julho de 2017

todo tempo é tempo de
aprender, no ciclo que
é de ser e deixar de ser.
aprender o máximo e lembrar
do necessário, deixando o que
é apenas acúmulo. aprender
com a chuva que cai do céu,
se desprende e vai molhar
o chão.

domingo, 23 de julho de 2017

se fui areia,
poeira cósmica
jarro, parede, prato
serei mosaico
reconstruindo os cacos
na dança dos ciclos
o céu
vejo mudando
as cores
cantadas por pardais
do arrebol

uma parte imaginação
outra criei
e formam parte
do pouco que sei

sábado, 22 de julho de 2017

momento de transição
aos poucos a paisagem
vai desaparecendo
sobreposta
por um novo lugar
quando sonho parece igual
e o universo
segue uma dinâmica
de harmonia e caos
penso o tão alto e estamos
nas alturas
sobre um planeta que voa
e viaja no espaço
dia nublado
com céu todo estrelado

sexta-feira, 21 de julho de 2017

*

o vento balança as árvores
faz as portas baterem
produz som por onde
passa, seca as roupas
no varal, traz rastros
de outros lugares que
me fazem calar
leva e traz a poeira
que condensa este chão
por onde caminho até
não sei mais

quinta-feira, 20 de julho de 2017

num lapso
rampante de movimento
para expressar o que não sei
até o instante em
que abro a boca
e balbucio
ideias incertas
que fazem todo o sentido
apesar da falta de ordem
como uma proteção
para tua atenção
focada em detalhes
sou a variação do tema
uma mistura de alfazema
que paira no ar

quarta-feira, 19 de julho de 2017

semente

acocada
nasce pra luz
que existe
para além da claridade
do fogo
vamos alto
que o corpo passa

e o pensamento viaja
voa, voa
em expansão
pra chegar na fonte

terça-feira, 18 de julho de 2017

quando parece
perto do fim
e a noite vai amanhecer
as estrelas
olhos a arder

fechando as pálpebras

segunda-feira, 17 de julho de 2017

agora vendo
o dia que passou
percebo
a madrugada na minha nuca
iniciando seu caminho
até acabar
nas luzes de outro dia
e por aí vai

os pássaros cantando ao alvorecer
pousando naquele galho
mesmo sem ninguém ver

escondido nas páginas do tempo
tudo que se vive
não cabe na escrita
nem nas imagens

experiência intransferível
de existência

domingo, 16 de julho de 2017

invisível

os trajetos
imaginados
traçados sobre um plano
captado pelo som
jornada mental
território híbrido
o lugar do sujeito
humano ou não
a ser construído
entre e além
miríades de telas
equilibrando-se
dosando o visível e o