sábado, 27 de dezembro de 2008

reflexão sobre esse tempo

no dia
em que saí
sem olhar pra trás
no caminho
sendo feito
no passo adiante
que é onde ainda não estou
pra lá eu vou
sozinho
mesmo assim
segure minha mão
a chuva vai passar
do jeito que for
nossa ligação
de talo e flor

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

ceia de natal na praia do meio

ingrediente principal: amigos

adicionar uma caranguejada, cervejas e ostras
& nuvens abaixo da linha do mar

já passei vários verões. este agora tá passando
banho de mar e castelos de areia que simulam eras

as coisas mudaram, os sorrisos são aqueles que surgem
nas permissões de poder ser e estar, aqui e agora

dançar na areia, cair e levantar
a areia desmoronando, estamos seguindo
melhor do que já passou

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

prato do dia: salvador dali e john coltrane fazendo samba

entrada:

pedaço de pizza napolitana em 48 horas de geladeira
3 canis, chá mate & lata de cerveja
pedaço de gorgonzola, jah, maomé, frevo, movimento dos barcos,
tim maia
gelatina de uva, leite e chocolate com pão sírio

finalmente, o prato principal:

miojo sabor galinha caipira

domingo, 14 de dezembro de 2008

feliz

serenidade
olhar o céu
sentir a terra
no jardim da alma

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

*

depois daquele adeus, deitei na rede
chorei por dentro, tava sozinho
nem fiz barulho de tão fundo que foi

terça-feira, 25 de novembro de 2008

*

dopar-me-ei
até urubus virarem alhures
ou galinhas virarem amiúdes

a noite

caminhos tortos
das pessoas
que brilham
com qualquer
força

morra morra morra
na masmorra
do esquecimento

esse tipo de escolha
acontece só uma vez

minta minta minta
foi a última
que ouvi

tosquidão total
o agora indo

sinta sinta sinta
a lei dos opostos
e dos extremos

destrua sua casa
por fora e por dentro

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

a tristeza é um doce que comemos quando as coisas não são do jeito que queríamos que fosse...

'estou livre de predadores!'
gritava o pássaro
dentro da arapuca

acordando de madrugada

lembro que haviam dois livros
chorei por não termos lido eles juntos
e voltei a dormir

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

lua cheia novembro 2008


estou deitado no chão olhando as estrelas e a lua. são os móbiles que não tocaremos jamais. ao lado, as folhas de uma árvore projetadas pelo luar na parede são como o mito da caverna. no entanto, eu imagino que ambas são reflexos de nossa percepção.

meus olhos e meu corpo, sou um guardanapo pegando fogo perto do tempo celestial, o tempo da areia virando pedra e virando areia, como ondas do mar.

o alto possui um silêncio tão absoluto que todas as disputas entre as pessoas são irrelevantes, assim como os dramas de toda uma antiguidade e as dores na alma que levaram reis a levantarem castelos, como se houvesse uma forma de tocar a eternidade. se os maias, aztecas e outros povos sábios se acabaram, o que será de mim, que olho o céu e não sei de nada?

estou num ápice numa das voltas da vida, estou percebendo o exato momento da transição, estou podendo viver isso, perceber a guinada que acontece sem interferir no espaço. estou celebrando meu caminho, dando adeus a uma criança de dentro que saiu correndo pra brincar na constelação de escorpião, em pleno novembro.

e mesmo assim eu, ser humano, movo as mãos como se fosse uma planta e maestro das nuvens, acreditando que posso arquitetar o futuro, planejar o movimento das estrelas. movimento as mãos para dar novas formas às nuvens.



*

folhas soltas
risos na madrugada
passa como uma nuvem

todos nós vamos sendo
maiores que o tempo
para além das disputas

vaidades e impérios se acabaram
enquanto tenho a noite como lençol


*

o ego
é um pequeno fa
minto

o chão no
qual eu
piso

num tá nem aí
pro que faço

espera o tempo das espécies

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

praiskeysertudo


as forças da natureza
propiciam novas primaveras
e recompensa quem a controlou e estimulou

nada é totalmente inútil
deve-se estar pronto nessas épocas
para fazer a travessia do rio

sim, tudo muda
e o mal deve ser controlado
mas não pode ser permanentemente eliminado

(paz)


*

o tempo das trevas passou
o solstício de inverno
traz a vitória da luz

após toda decadência
a luz retorna
mas esse movimento não é provocado pela força

e transformar o antigo é fácil
o novo substitui o velho
de acordo com as exigências do tempo

o movimento é cíclico
e completa por si mesmo
este é o sentido do céu e da terra


*

a energia no interior
encontra-se ainda semente
sendo fortalecida pelo repouso
pra não dispersar no devaneio

tudo que está recomeçando
deve ser bem tratado
com suavidade e cuidado
para que o retorno leve ao florescimento

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

estrela cadente

passa no céu
ao lado de prédios insones
atravessa a densidade da noite
com um frio de nuvens chuvosas
nem parece a princípio
assim como nunca parece

domingo, 2 de novembro de 2008

treze cortes

o alvo dos gatos mortos
das lâminas gastas
dos sorrisos falsos
e de gozos entre comerciais de tv

os cortes entre veias cansadas
não obstruem a passagem
de toda aquela sensação do que veio, do que vem

cicarizes se fazem sumir
mas ainda é preciso disfarçar e fingir
não tenho tempo pra explicar
que se uma pessoa não morre, ela segue em frente

e nessa internação eu vou pensando, vou sonhando
com a próxima estação
vou pesando o valor de toda loucura do mundo cão

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

receita

som ligado:

alho na carne moída, pra fazer um bife, amassar bem, como brinquedo e tirar excesso de água da carne

colocar pimenta do reino e sal a gosto e misturar de novo

misturar geléia de pimenta e misturar again

ralar meia beterraba e meia cenoura e tentar misturar

colocar tudo ao fogo no azeite, é o jeito

depois de cozido, colocar meio copo de arroz, sal e 2 copos de água

deixar queimar e colocar o fundo da panela em um balde de água para choque térmico. misturar bem o fundo

comer e colocar a metade na geladeira, com medo de encarar tudo e pena de estragar


no outro dia...

tira da geladeira e deixa ficar na temperatura ambiente ao vento
bebendo curaçau blue, pra dar fome, sem habilitação
ferve com azeite e tira do fogo pra misturar com um ovo,
pimenta do reino e sal a gosto
cortar uma banana e misturar

comer com colher de pau, na panela

ir fazer coisas entre cada colherada

acompanha: leite com chocolate em pó e salame

*

somos o que somos
pq subestimamos as felicidades
é isso que nos torna mais humanos
apostar e fazer parte do jogo
com isso temos crescimento
chegamos a novos patamares
e a perda de ingenuidades como contrapartida
é o mal necessário
alcançando o horizonte onde ele se encontra com o céu
nesses dias em que eu quase toco o infinito
percebo que subtraindo o tempo, eu não me engano
o mundo é antigo
e não surgiu depois das pirâmides

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

o mar

na beira da praia
entre idas e vindas
vou caminhando

contornando e às vezes molhando os pés
os corais tão bonitos cortaram minha pele
apesar de qualquer frivolidade
e para além dos mundos que se acabaram
fiz meu passeio, pés na areia, antes de ir embora

no fim do dia, restaram algumas peças
entre todas que se quebraram
e tudo que afundou, uma estrela desponta
mesmo sem refletir no movimento das ondas
ainda

mas olho um nascer que é filhote do tempo
numa roda onde a paciência é a calma dos dias
e o silêncio de se estar só é simples e primitivo
na tua beleza sem palavras, na tua calma entortando as horas

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

*

é tarde pra dizer
do pouco se não resta
e agora no
momento oportuno
que é passado
é pouco calar quando
no olhar não é silêncio
e mesmo o futuro
sendo um oráculo (mudo)
ainda falha
quando se cala
e consente
a calma é impaciente
se você olhar pra dentro
verá agora
fui embora

terça-feira, 7 de outubro de 2008

a vida

não reconhece nada além da destruição do tempo
nada além de riso e lágrimas

se eu era puro, me contaminei
se eu for vivo, que idade terei?



*

eu já não temo o medo que não tenho

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

*

passo fim de noite
voltando pra casa,
ou indo em frente
nem sei qual a direção do futuro

as luzes vermelhas dos carros na frente
e os faróis que voltaram

flamenguista passa em frente a igreja e se benze
eu penso em uma coca-cola

a maldade sozinha se destrói
nem a mentira não segue intocada

eu tenho os laços com meu pensamento
os sonhos mostram que não há mira errada

domingo, 14 de setembro de 2008

a manhã do que não dorme

a última estrela da noite vai
amanhecendo por nada

as nuvens laranjas, rosas
luz do horizonte filtradas

e o vento usa as árvores para fazer uma valsa

quinta-feira, 10 de julho de 2008

*

enquanto todos correm
buscando tempos
pra cobrir gastos
a urgência é alheia
ao microcosmo
da ampulheta
se o mundo cai
à mercê do infinito
minha tarde
vou dormindo
e o mar que evapore

sábado, 10 de maio de 2008

bipolares

acorda, acorda

não liga pra ele
que é triste
e quer passar a faixa

carrega traumas como se fossem medalhas
e ainda continua polindo as mais douradas
pela vida afora


*

ja é tempo
só não houve o momento
sei que o pensamento
me antecipa a voz
para não falar merda
nem sangrar
quem não tem respostas
não quer ser algoz

se um dia fui
por um preço alto
esta vida que vivemos
não se decreta falência
das muitas experiências
onde se conta uma história
disso não se escapa


*

fico feliz pelo mundo
continuar evoluindo

pois se realmente você
fosse o parâmetro de tudo
perderia as esperanças


*

grite
algo útil
a boca não abrir
se não dá bons frutos

mensagem não tem chibata
mas conteúdo

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

entre o sonho e o acordar

na sua partida
as limaranjas
estavam maduras
dentro de quartos escuros

eu ainda era
o cão de companhia
e as mangas rosas apodreceram

mas você não viu isso
pela janela

as crianças se aproximaram
você pareceu não se lembrar
que as colhemos um dia

o gosto da casca
é de boca amanhecida
difícil encontrar luz
você provou e desceu a rua
em qualquer companhia

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

22.01.2008

com chuva e sem cachaça de canela

sempre que chove
eu sei
que naquela rua
me perdi
e hoje não me acho
mesmo sabendo onde estou
e crendo na ideia de um caminho

isso quando o devaneio
apontava a direção
hoje os rastros de meus passos
já não ficam pelo chão
e as palavras que escrevo
ou canto ao violão
não se perdem na sua percepção

como posso daqui
dizer o sabor da paisagem
que nunca mais saberei
se realmente vi?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

*

coisas boas aglutinam
impostas não
o que é bom sai do coração
tem o esforço do pensamento
o inverso é premeditado

os fins não justificam os meios