sexta-feira, 14 de novembro de 2008

lua cheia novembro 2008


estou deitado no chão olhando as estrelas e a lua. são os móbiles que não tocaremos jamais. ao lado, as folhas de uma árvore projetadas pelo luar na parede são como o mito da caverna. no entanto, eu imagino que ambas são reflexos de nossa percepção.

meus olhos e meu corpo, sou um guardanapo pegando fogo perto do tempo celestial, o tempo da areia virando pedra e virando areia, como ondas do mar.

o alto possui um silêncio tão absoluto que todas as disputas entre as pessoas são irrelevantes, assim como os dramas de toda uma antiguidade e as dores na alma que levaram reis a levantarem castelos, como se houvesse uma forma de tocar a eternidade. se os maias, aztecas e outros povos sábios se acabaram, o que será de mim, que olho o céu e não sei de nada?

estou num ápice numa das voltas da vida, estou percebendo o exato momento da transição, estou podendo viver isso, perceber a guinada que acontece sem interferir no espaço. estou celebrando meu caminho, dando adeus a uma criança de dentro que saiu correndo pra brincar na constelação de escorpião, em pleno novembro.

e mesmo assim eu, ser humano, movo as mãos como se fosse uma planta e maestro das nuvens, acreditando que posso arquitetar o futuro, planejar o movimento das estrelas. movimento as mãos para dar novas formas às nuvens.



*

folhas soltas
risos na madrugada
passa como uma nuvem

todos nós vamos sendo
maiores que o tempo
para além das disputas

vaidades e impérios se acabaram
enquanto tenho a noite como lençol


*

o ego
é um pequeno fa
minto

o chão no
qual eu
piso

num tá nem aí
pro que faço

espera o tempo das espécies

2 comentários:

Anônimo disse...

pá. o ego é de fato um fá.

Anônimo disse...

engenheiros de um tempo em um espaço não-arquitetal.