quinta-feira, 20 de maio de 2010

música & solidão com ou sem desafinação

quando estive mais sozinho, ganhei um violão do meu pai
aprendi a ficar comigo, a pensar e seguir
a música me proporcionou aventuras & amigos
e muito amor que nunca poderia imaginar
assim, pude compartilhar um pouco de mim
para além das minhas dificuldades
com a música, pude brincar com palavras
e manter um pouco da essência da infância
mesmo quando me vejo no espelho, fazendo a barba
e ficando mais velho que alguns músicos lendários
autores das minhas músicas favoritas
mitos que morreram cedo, no meio do caminho
enquanto eu já cheguei até bem aqui
aos trancos e barrancos
para além das 27 primaveras limítrofes
da juventude midiática
vim sem eternidade nem garantias de nada
com algumas músicas que me surgiram
ou apareceram e me espantaram nas madrugadas & quintais
fiz pessoas felizes
(é verdade, bem poucas, mesmo contando comigo
mas o suficiente
pra tornar minha alma mais leve
em alguns momentos
inebriado por sorrisos, por amores
& me sentir vivo

esses tempos venho percebendo o caminho desde onde saí
é tão longe que nem tenho ideia certa do quanto
sei que não chegarei ao fim e nem onde muitos querem que eu vá
de um fôlego só
e tenho noção de algumas das minhas limitações
que são uma parte do que sou
nessa busca incessante para melhorar
de alguma forma ou de outra
estou nesse corpo, sou nesse corpo & para além dele
digitante de palavras cantantes
rabiscante de traços tortos, que às vezes redesenho
vindos de não sei onde
quem sabe psicografados, loucuras ou apenas viagens
e se esse eu-sou-estou & vou
não veio com todos opcionais de fábrica
ou foi muito esmerilhado pelas calçadas
ainda assim aproveitarei o que tenho e o que me resta
cuidando da melhor forma possível
que eu possa perceber e o acaso e intuição me mostrar
buscando ser feliz e me divertindo
seja num mega parque de diversões
ou no não-lugar imenso da minha imaginação

uma força me levando em frente
não me deixa parar
no caminho que é infinito
e tantas vezes foi e será vazio
somente voz e violão
um berimbau, uma guitarra
pra sorrir, pra chorar

música, não me deixe parar
por aí
sem sorrisos

PS: o tanto que andar
ainda será sempre o meio de um caminho
que chega ao infinito
somente visto do lado de fora

Um comentário:

Joiza disse...

ÊÊÊÊ!!

Viva a música!