quinta-feira, 16 de setembro de 2010

vendo daqui

não poderia imaginar
que iria sair daquelas árvores
das trilhas que andei
e estar aqui, vendo tudo
da perspectiva da memória
nessa estrada longa
enquanto a baba do cachorro tá ali
nos cheiros de terra, moscas no ar
que não vejo mais
girando nos dias, nas primaveras
que chegam
como secam e passam
em eras, lágrimas e colheitas
feitas na garoa das manhãs
glórias e histórias
pra esquecer, pra lembrar e contar
enfrentar a cidade grande
deixar no porto as lembranças
agora seguindo o balanço do ir
para as batalhas
não concebo minha vida
sem as cicatrizes, sem as curas
que fizeram-me
tornaram-me um enredo
diluído nas palavras e causos
perdidos nos silêncios das mesas
dos coretos e das estrelas

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