ciclos formam camadas
lençóis que se transformam em montanhas
histórias que são passadas por séculos
que se esquecem e depois de outros tantos séculos são lembradas
e
nesse caminhar de sonhos que se esquecem ao acordar
vivem milhares de seres
que voltam a ser poeira
e em forma de poeira viajam
e se depositam sobre a grama
ou vão para o fundo do mar
etc etc etc
bom é alternar o esquecer e o lembrar
e viver nesse entremeio entre o sonho e o acordar
sonhos, imagens, ideias, visões, pensamentos, lapsos da mente, reflexos, êxtases, tempos etc e tal. ciclos no anti-horário sagrado da roda da vida.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
simplesmente
se não acredita
regar a planta
alimentar os elementais com pensamentos
e conversar com as folhas ao vento
as pessoas colhem esperanças
nos dias que atravessam a vida
quando não podem
vivem uma vida opaca e morta
viver
se e somente se é possível acreditar e sonhar
as coisas acontecem
no tempo entrelaçado dos fios das narrativas
que trazem um pouco dos brilhos dos olhos
de todos os que viveram seus dias épicos
vão tecendo ciclos
que estão ligados com todos que já foram
e os que ainda virão
e silenciosamente o sol se põe
quando amanhece em outro lugar
o livro se completa, a estória chega ao seu termo
e o sol quando vem não se esconde
no fino frio que é o último suspiro da noite
e assim
o sol é traduzido pelos pássaros
que são o sal do vento
entãonão há motivos para
regar a planta
alimentar os elementais com pensamentos
e conversar com as folhas ao vento
as pessoas colhem esperanças
nos dias que atravessam a vida
quando não podem
vivem uma vida opaca e morta
viver
se e somente se é possível acreditar e sonhar
as coisas acontecem
no tempo entrelaçado dos fios das narrativas
que trazem um pouco dos brilhos dos olhos
de todos os que viveram seus dias épicos
vão tecendo ciclos
que estão ligados com todos que já foram
e os que ainda virão
e silenciosamente o sol se põe
quando amanhece em outro lugar
o livro se completa, a estória chega ao seu termo
e o sol quando vem não se esconde
no fino frio que é o último suspiro da noite
e assim
o sol é traduzido pelos pássaros
que são o sal do vento
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
A máquina lava
roupas
Que não serão
usadas
Fim de tarde
Os pássaros e
palmeiras louvando
Sob a luz do sol
em seus derradeiros brilhos que viajam
E a vida segue
Caminhando sobre
a terra que é um vestígio de todos que foram
Num banho de mar
Corpo que ainda
não se dissolve de todo
E louva ao sol
mais um dia
sábado, 30 de agosto de 2014
Seu Wilson
Grande figura seu Wilson! Quarta-feira ele me olhou com uma mala e
mochilão descendo pro Rio e perguntou: "tá chegando?" e eu ri (por
causa das viagens que estão rolando esse ano) e disse que estava indo. Aí no
caminho fui relembrando esse lance de que as viagens são sempre só de ida, não
há volta, ainda mais viajando pra São Luís, onde morei a maior parte da minha
vida, e as pessoas tendem a perguntar se eu estou “voltando”, mas a vida é só de ida.
No caminho, fui vendo a encantadora vida em Paquetá, com cantos de pássaros e o
esplendor da natureza, com sentimento de gratidão pela oportunidade e ensinos e seguindo
adiante. Pedalando pela ilha nas ruas desertas vem um clima de cidade perdida
nas brumas, algo mágico que se dissipa com um movimento brusco. Dá pra ouvir as
ondas do mar da janela do (ainda) quarto, que é um som ancestral desse lugar.
Nos últimos meses todos os dias pela manhã tem aparecido um senhor com seu cachorro
na beira da Praia dos Coqueiros andando lentamente de bengala. Ele senta num
banco de pedra sob a sombra de uma árvore na esquina que parece um bonsai
gigante e toca flauta usando somente uma mão, sempre a mesma música naif a la
Syd Barrett usando 3 notas, como um mantra. Ás vezes
acompanha tocando pandeiro com a outra mão e também toca gaita e pode chegar a
tocar mais de 2 horas, com algumas pausas.
No fim de tarde o vizinho ao lado esquerdo toca piano por mais de uma
hora, começando pontualmente às 16h30. Nunca ouço escalas e exercícios, mas sempre
é música pra valer, as quais são executadas maravilhosamente e mais de uma vez,
com pequenas variações no andamento. Rola altos blues e também uns clássicos. Ontem quando soube da notícia que seu Wilson seguiu a viagem tava rolando
uma música bem dramática. Penso que ele toca com a janela aberta de frente para
o mar, de onde pode olhar o mar e o pôr do sol.
Esses últimos 10 dias estive aqui em Paquetá nostalgicamente arrumando as coisas e vivenciando o quarto já sem memória visível, com cabides vazios e algumas sacolas desterritorializadas. Os pássaros continuam cantando e os cachorros latem em diversos pontos da ilha e às vezes uivam juntos. O flautista já começou com o som. Seu Wilson disse uma vez que quando morresse queria uma festa e rolou um tambor de crioula no centro do Rio, chamando para pungar no Maranhão e nas voltas que o mundo dá.
Esses últimos 10 dias estive aqui em Paquetá nostalgicamente arrumando as coisas e vivenciando o quarto já sem memória visível, com cabides vazios e algumas sacolas desterritorializadas. Os pássaros continuam cantando e os cachorros latem em diversos pontos da ilha e às vezes uivam juntos. O flautista já começou com o som. Seu Wilson disse uma vez que quando morresse queria uma festa e rolou um tambor de crioula no centro do Rio, chamando para pungar no Maranhão e nas voltas que o mundo dá.
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
quinta-feira, 12 de junho de 2014
efêmera
a onda que toca a areia
de um mar tão eterno
ao sabor do vento
ritmo de universo
toco o tempo
e vou me dissolvendo nele
é a luz no pensamento
em vão nada no mundo é
pelos tantos que vieram
para se chegar ao que é
voa a folha
cai uma única e última vez
efêmera e eterna
pelos tantos que vieram
para se chegar ao que é
voa a folha
cai uma única e última vez
efêmera e eterna
domingo, 8 de junho de 2014
pachamama
entre tantos que vieram e já foram
estou solto em sua pele
alguns pensam que vivem em cidades
as folhas voam com o vento
e caem uma única e última vez
quinta-feira, 22 de maio de 2014
e a escrita teve tal supremacia que todos os gestos se tornaram uma massa disforme, incapaz de gerar sentidos. e as letras nas palavras não poderiam a partir daquele instante ser pequenos insetos que passeiam pelas folhas. foi quando deixei de tentar entender o mundo, quando as tomadas deixaram de ser rostos, quando a torneira deixou de ser um pássaro com pescoço prateado, quando o tapete não mais era uma pequena floresta e a mesa não poderia mais ser um quadrúpede com olhos de gaveta...
quarta-feira, 21 de maio de 2014
sexta-feira, 9 de maio de 2014
posso dizer
sem traduzir
em um olhar míope e meio surdo
é o que é
marte no céu e vento frio na madrugada
em um olhar míope e meio surdo
é o que é
marte no céu e vento frio na madrugada
segunda-feira, 7 de abril de 2014
domingo, 30 de março de 2014
sábado, 1 de março de 2014
agora
nesse ponto que risco
um caderno que um dia que se acaba
estou vivo
existindo por aí
um porto
e uma barca que sai
tudo já é
aqui e agora
é o que não para de chegar
um caderno que um dia que se acaba
estou vivo
existindo por aí
um porto
e uma barca que sai
tudo já é
aqui e agora
é o que não para de chegar
diferenciando
dobrar-se ao futuro
confiar e seguir
ter o passado nas mãos
escorrendo e deixando de ser
no salto quântico, no acaso
sou irreconhecível
fui e não terei sido
percebido e transbordado
as nuvens mascarando
o planeta bordado no céu
e desvelando-o
com uma pintura
feita de água e raios de sol
brilhando na superfície
da pele que se desprende
escorrendo pelos dias
confiar e seguir
ter o passado nas mãos
escorrendo e deixando de ser
no salto quântico, no acaso
sou irreconhecível
fui e não terei sido
percebido e transbordado
as nuvens mascarando
o planeta bordado no céu
e desvelando-o
com uma pintura
feita de água e raios de sol
brilhando na superfície
da pele que se desprende
escorrendo pelos dias
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
o sentido disso tudo I
na pele o vivido
que as palavras toquem os ouvidos
incorpóreas
como ações
uma fruta que cai
estala no telhado
o sentido?
motivo, motriz, movido
apenas uma lambida nos seus olhos
e sonhar acordado
tudo que me for possível
que as palavras toquem os ouvidos
incorpóreas
como ações
uma fruta que cai
estala no telhado
o sentido?
motivo, motriz, movido
apenas uma lambida nos seus olhos
e sonhar acordado
tudo que me for possível
no tempo que penso e resta
mundo de outrora
quem fui no passar das horas
dias, meses, anos
quando olho a aurora
se sobrepondo ao tempo dos sonhos
eixo sobre o qual gira a roda do destino
nesse tempo de agora
que se esgota aos poucos
ou num piscar de olhos
faz lembrar que o tempo pra pensar não sobra
quando se transforma a tarde
apogeu que vai embora
deixando rastros nas cidades
e girando as trancas das portas
sábado, 4 de janeiro de 2014
na trilha
ontem fui dormir
pensei algo que esqueci
deixando ao acaso
pra talvez relembrar
até o momento esqueci
mesmo assim sem lembrar
a materialidade da memória
pode num instante deixar de existir
há vozes que não mais iremos escutar
pensei algo que esqueci
deixando ao acaso
pra talvez relembrar
até o momento esqueci
mesmo assim sem lembrar
a materialidade da memória
pode num instante deixar de existir
há vozes que não mais iremos escutar
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