segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

nublado o céu

não sei se chove para além
do sol, de tudo que passou
além de tudo, além disso
que é tudo

as nuvens
encobertas em si mesmas
mostram ao mesmo tempo
os limites do horizonte e
da visão

ano após ano

a vida é resistência, ousadia e otimismo
para além dela a esperança

infinito é um sopro do vento
numa intermitência constante

e ainda assim
para além e além
há esperança

domingo, 21 de outubro de 2018

os rastros se perderam? olho céu e me pergunto
na sombra da sombra da lua

sabiam pra onde iam
ou estavam apenas andando?

lembrar e esquecer
deixar o tempo em sua própria forma

cantar com amor
pensar em silêncio

sábado, 8 de setembro de 2018

tudo que tenho a dizer é

quarta-feira, 11 de julho de 2018

ser o nada
coberto pela seiva de palavras
que mudam, que passam
sustentadas por letras
de boca em boca
e jamais escritas
quando tudo é som
quero ouvir você
no silêncio
entender
sobrevivi
ao tempo
que não havia nascido
talvez
já tivesse morrido
entre tantos eus que fui
mudei ou esqueci
a maior parte da vida
é o que está além dela
pensamentos duram
séculos
transcendem a matéria

sábado, 16 de junho de 2018

elegemos as imagens
na esteira da história
em meio à maior parte
que se perde
ou melhor
é desperdiçada
apagamentos e
visibilidades

ocultação e
memória

reúno ideias que passam
e depois as deixo passar

não sou genial
no máximo sou mal interpretado
em minha estupidez nebulosa
conhecemos nosso tempo
e coletamos cacos
mosaicos que o vento espalha

refazemos o caminho
trazendo pedaços de várias histórias
que revivem e logo deixam de existir

poeira presente
cordilheira da história
labirinto da memória

quarta-feira, 18 de abril de 2018

palavras bonitas e vazias
se despedaçam
me arranham os braços
furam minha pele
e poluem o chão
olho um inseto
registro um instante
engulo um choro
injustiça e guerra
motor da humanidade
que já deu o que tinha que dar
grandes mestres, grandes avatares
tentaram mudar a alma das pessoas
foram mortos, perseguidos, silenciados
o lixo jogado no chão
tecnologia pra produzir morte
desigualdade e ganância
nesse mundo que passa
minha sorte ou azar:
ver as intenções escorrendo dos olhos das pessoas
e então olho pra baixo, olho pra dentro
pro futuro descrito há tempos
toco violão calado
tudo passando em pensamento
cada um dá o que tem na alma

sexta-feira, 13 de abril de 2018

coletivo colaborativo excludente

minha invisibilidade
invisível e registrada
bem ali onde não vemos nada
é por onde passei
imagem oculta do signo,
apagando-se da memória
no vento que sopra nas árvores
da floresta que resiste
vou guiando minha vida
pelas curvas do caminho
que o dinheiro jamais comprará
ka'a namo jumu eha katu
tupã jandé namo ixó

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

quando estava ali no começo de tudo
sem saber pra onde ir

e quando o primeiro passo
ainda era dentro da própria casa
na Lua,
tão perto e sombreada pela terra
foi e é
assim sendo

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

a alma
habita por um instante
a existência
na matéria
que é rastro
do início do mundo

cósmica, imortal
pensei num blues
e fiz um mantra

vivências atravessadas
pelo espaço
e algumas determinações
desses tempos
encontrados