sábado, 28 de fevereiro de 2009

*

vou dormir
passear
passar por ti
sempre há
um fim
pra mostrar
de seiva
evapora
liquefaz
em qualquer maneira
como se houvesse
antes
aspas e areia
terra
o tecido
a tela o plano
construído
na forma como vejo
o som despedido

*

roda a sorte
cabaleando
nas escolhas
de apostas
das minhas mínimas memórias

dou a dica
mas não falo nada
além de
siga a trilha
e permaneça
todo esse ciclo
de cadências
em equilíbrio

conhecido pelo escorregão
levantar
assim é feito
e assim na beira
não há eco nem sangra

*

o sol ali
entre nuvens
este momento
de mudança
em sombras
e nuances
amanhece de novo
sem pesos
ou esperanças
para o sono derradeiro
horas muitas
esta e aquela
infinita é estrela
que apaga

impossível
poça de água
tranco o destino
ao meu jeito
mas é o feito
que o tempo canta

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

*

quando o dia amanheceu
as pessoas voltaram pras casas e cotidianos
e eu saquei o movimento

os pólos geomagnéticos do planeta
me guiaram a seguir em frente
de acordo com o momento

sei o caminho
de dentro pra fora
de fora pra dentro

sou um pássaro
no V q se forma
quando seguimos juntos pelo céu

vi vendo

conhecer sem medo
onde o fogo cozinha
onde o fogo queima

sensação de



distância


de costas pro espelho
acenando pras pessoas
sorrindo no consentimento

sábado, 21 de fevereiro de 2009

zik

nesses dias escrevemos
mais do que se joga
por sobreviver
muito além de somente continuar

vislumbro os sonhos e diluí
uma lembrança
apenas uma lembrança
de ti

tão quieta que era mais que chorar
quando a chuva da madrugada
soletra razões pra cair

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

chuva na janela

depois da tempestade
secarei todos grãos da tarde
num olhar de menina
que ri de si mesma
e tem um mistério a partir da sua verdade
que por ser desvelada é oculta
e no sorriso demonstra um caminho
que é longo e sereno
de lábios de carne e som
pergunto onde estão minhas sandálias
e ela está com a certeza
de toda improbabilidade
basta apenas esperar a volta
e o momento de olhar onde estávamos ficando mais longe
a caravana foi bela e somos remadores
mais do que se pensa

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

além do além

um pequeno lapso
é do tamanho de uma vida
ou início do final

durando uma eternidade
a lembrança do que vale a pena

melhor não importunar
mas tive medo quando a vi de perto

tão perto que o sono me levaria pra sempre
como um sonho

e a cada instante em que sobrevivia
mais eu lutei pra voltar

o sorriso de quem gosto aparecendo na mente
quando eu pedi pra não ser minha hora

nos momentos seguintes, na hora vazia
sua sombra ficou a pairar

nessa lida a vida também rima
enquanto a morte faz estrofes

vamos seguindo em frente

domingo, 15 de fevereiro de 2009

voltando de cajual

aprender a se preparar
como saber tomar banho e se vestir
na rotina a manter
viajar e depois voltar
ela apareceu nessas voltas do mundo
em outro ciclo, na mesma engrenagem
enquanto eu vou nesse caminho
de buscas da essência e além de belezas
mas ainda assim ela é bela
como é a praia vazia
e não tenho palavras, literalmente
pra expressar
por isso tenho os olhos que passam
deixando orvalho e sal na paisagem
entre tantos momentos da descoberta
este eu foquei na concentração
e tenho comigo seu canto em algum lugar dentro
desses que não se sabe se haverá um dia
outra chance

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

nesse mundo

deitado na rede
eu na persona impura
e non grata
da alma
o chão que trinca
a lâmpada espoca

sentado na grama
a menina com pétalas na voz
diz pra eu ficar
ou então voltar
um dia
antes do tarde demais
e prazos de comida congelada
nesse mundo

eu trago as cores imperceptíveis
das pessoas
na praia o campo
de girassóis e
margaridas

estarão murchas
antes do sol raiar

casais e mijo na água

outra pessoa você
me planta e me arranca

o clarão
entra na janela
espanta a sombra
dessa solidão

a gente riu, chorou
e não quis mais
saber
se era dor ou prazer
na embalagem

todo o amor me
atravessa
na ponte, os olhos

não quero pensar
não quero saber
nem quero morrer
mas cadê você?

pois sei que tudo vai
e parar pra discutir é
um balão a estourar

domingo, 8 de fevereiro de 2009

*

olho a cicatriz
tá ali a marca
a dor parece, mas não mais

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

um dia chuvoso qualquer

passo entre quem não sabe
que estou sozinho

usando meu novo disfarçe

o tempo da planta
a natureza tece

sem o humano tentar
a paciência padece

não adianta puxar uma planta
pra que cresça rapidamente

agindo assim ela é arrancada
de seu ciclo interno

hoje (ontem) e quando?
a certeza está ditando a razão
pra verdade dela

enquanto a questão é usada
pra tocar a alma da terra

domingo, 1 de fevereiro de 2009

equações do tempo

tempo fora do tempo
quatro cogumelos
amiga faceira
faz a a saia rodar

me convida pr'almoçar
ela me faz rir
e a brincadeira não passa
concreto do banco da praça

tirando de letra
números inteiros

metade de xícara
um copo de água

fui picado de aranha
dói beijo de fada
quando acaba