quarta-feira, 17 de março de 2010

dragões e hárpias não se definem por palavras

acordei de madrugada
confundi a garrafa com água na escuridão
e quase dei um gole no álcool etílico, que cuspi
mas ainda ressecou meus lábios

de volta ao sonho, acordo dentro dele
a porta do quarto fechada, amanheceu
meu filho ali serelepeando perto

abro as portas e vejo águias
também uma revoada de urubus
uma gurizada zuadenta do lado de fora
em seguida passam dois dragões
um casal, são escuros e estão no alto
acredito serem hárpias

todo mundo vaza, desaparece
menos eu

o mestre dos magos
traz o macho para o solo
olho ele de perto, que entra no quarto
tenho receio mas não corro
ele tem movimentos calmos
aparentemente é quase dócil
fico olhando parado

o dragão veio até ali por algum motivo
o mestre o trouxe para eu vê-lo de perto
(além das mandingas dele, que desconheço)
também pra ver que são realmente dragões
por mais que eu acreditasse até então serem hárpias

dá pra identificar o macho e a fêmea
pois o macho tem uma parte branca nas costas
seguindo a coluna vertebral
a fêmea é mais arisca

ele volta a voar
a fêmea já está longe
leva meu sono
trazendo o despertar

isto aconteceu
se não me engano
em algum lugar da capital baiana
onde confundi o mictório
com a mesa do self service
que estava dentro da sala de aula
do curso de férias
eu ainda nem tinha acabado de mijar
tive que parar, pois voltaram do intervalo

jane ainda ficou brigando comigo
questionando como eu faço isso numa sala de aula
no intervalo do curso

penso agora que o mestre me fez ver
que confusões acontecem

e mijei só quando acordei
depois do gole de álcool

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