sábado, 26 de dezembro de 2009

dormi com um cinza
estralando meus pensamentos
mesmo assim
exercito um caminho leve
para uma travessia segura

vou controlando meus movimentos
de acordo com as ondas
para que o barco não vire
e siga em paz

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quarto vazio
somente a vela
e orquídeas
todos livros e papéis
guardados
prontos pra mudança

*

velho noel faz a de muita gente
haja armas e eucaliptos
nem toda neve gela
o whisky nos copos
das ceias

noel, toca aquela

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

eu acredito é na macacada

por aqui o dia vai amanhecendo
com pássaros que trazem calor
quando batem asas
e vão esverdeando a montanha
para esconder os calangos
ou sabe-se lá como eles são definidos por aqui

estou tão dentro da natureza
nem preciso falar
apenas pensar o tempo
como outro animal ou planta

e andando nas ruas
ouço o silêncio de metrópole
multidão de vozes
cada qual querendo ser gente
ser algo qualquer
dentro de uma moldura social
e eu aqui nem me importando com isso
pelo contrário

bem queria sair voando
ou ter uma cauda pra me pendurar na árvore
dia após dia
feedback de solos das cigarras
vão compondo a paisagem

ontem vi a lua
deitada na rede
quando passei nos arcos
como fossem feitos de chuva e cores
de toda noite

panetone é coisa de doido...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

abraços

entre carros
buzinas
sapatênis
meus pensamentos cortados
na linha
não ouço
teus braços

sábado, 19 de dezembro de 2009

a fé move montanhas (estudo número 01)

criar
construir sobre o que se destruiu
manter o que se deve cuidar
plantar o amanhã com amor, aprender e melhorar
ir
até onde se pode consertar

lembrar dos erros
entendendo os acertos
com humildade
pra não aprender somente a ida
mas saber os dois lados do caminho
indo com cuidado

no jogo da vida
transformando
mantendo o eterno
no efêmero sagrado

*

sempre pensei no grito
como uma palavra
que estoura no sentido

*

de manhã
abro os olhos
dou bom dia
que ecoa
em silêncio

os anjos estão por perto
mas não podem sair por aí falando
fazem isso somente por ordem de Deus
e no momento, Ele sabe que estou segurando as pontas
dessa barra

natal, as pessoas nas ruas
comprando coisas
planejando a ceia
talvez se lembrem da importância transcendente
além da magnitude festiva dessa data
meu presente é pra todos
a reunião celebra o encontro

olho pelo vidro, do lado de fora
mas também louvo
quem pode estar em cada lugar que ocupa
e tem a responsabilidade de saber onde está
temos a benção de Deus
em cada momento
basta estendermos a mão

meus amigos lembram de mim
onde estiverem, onde estou
por isso, sigo com força
com persistência alcançarei aquela flor
no alto da árvore

mesmo que muitos fiquem olhando do chão
com medo que eu caia
e poucos me ajudem na subida

agradeço a vida
que nos move
ela me faz estar aqui e agora
em direção ao nosso encontro
no infinito

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

*

o frio azulejado da mesa
cookies e flores amarelas
sobre a louça fria
de gordura e beterraba ralada

roupas por lavar
filtros e velas por trocar
no tabajara
ou em outro lugar

meu colchão
um chão
um som infinito

no céu
um quadrado entre prédios


a pedra
fonte no sopé
micos brincando

pássaros
procurando e cantanto

*

tava ali olhando a árvore
vendo as folhas, esperando
as q caem
rolam a montanha
to sentindo um mal estar de renascimento
o frio do lado de fora
quando o vento abraça

o som do tempo
no voo do passarinho
revirando as folhas secas

cotidiano de alimento e ninho
cantos nas copas
cantos nos quartos

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

solve et coagula

o mar foi chegando lentamente
comecei a arrumar as malas
enquanto havia tempo
guardar as coisas pra se mudar

somente o necessário
no meio de tudo
que podemos esquecer

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

*

o vaso da planta
está como o planeta
significando outro andar

crise de abstinência de abraços

fim de tarde
a vela decresce
quase nasce

é uma parte
a roupa molhada seca
assim como a tarde anoitece

e a solidão passa

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

*

as gotas no vidro do ônibus
do lado de fora
caem no papel como sombras
lentamente
o trânsito a sirene d`ambulância
brilhos vermelhos dos faróis
pichações perdidas no muro
atenção
o motorista fuma um cigarro
as pessoas vão andando
hoje até meia noite
ontem quando passar
guarda-chuva torto
volta a chover
atravesso a narrativa da rua
mitologias decompondo na lama
e escorrendo em mim

colibri toma conta do jardim

sou uma flor
quando me der conta
floresci

jane

te agradeço pelo ensinamento
pelo amor, dedicação e força movedora
dos mais celestiais ensinamentos

esse momento, o barco veleja
em alto mar e as nuvens cobrem tantas estrelas
que por vezes penso na existência
para além da matéria e ilusões nublantes

eu, esse cara encarnado
de todo jeito
tive medo e senti só
mas seu sopro infinito
cuidou de mim
sem superproteções

você me deixa vivo
pra aprender e seguir e conseguir
forjar a alma de lutas

tantas lições
nesse grande mundo

nossa casa é um planeta girando no espaço
tão pequeno no universo, tão antigo é o caminho, jane
tanto tempo por ir e vir
a estrada é de amor

cena 2

os carros passam
ondas na praia

fins de semana
sorrindo

vou nas ruas

grandes avenidas

por onde tanta coisa passou
muitas sem razão
outras no engenho de deus
(que esmagando cana produz com doçura
o futuro das pessoas)

um grito que não se ouve
entre muitos falando sozinho
atravesso a ponte
sigo
pois acredito

*

a cidade gira
espalha
aglutina
tantos desejos
muitos sonhos
sopra feridas
reflete as pessoas
no vidro dos vagões
montes de ferro
cobertos pelo frio

mais que a chuva caindo

milhões de anos
de planetas e pessoas

indo e vindo
indo e vindo
indo e vindo

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

hoje

é sempre dia de
viver


o amanhã planejo
o ontem repenso

sigo o gesto atento

me dou na
encarnação
do meu espírito


ao caminho

do amor
do aprendizado

*

fazer o rascunho
caminho de trazer
a paisagem

*

cada quadra
todos rumos
dessa prosa

*

eu vou
e isso que
se vê


não sendo
espelho


é um traço
apenas

de muitos
até que se faça o desenho

*

sabemos
onde o pensamento
vai

nos momentos
trechos do eterno

cada coisa
pedra


acontece

onde estou

*

estar longe de casa
no corpo perambulante
em movimentos gravitacionais
quando falo
as palavras
encontram a parede
e refletem

*

tudo no lugar
num lugar diferente
em outra camada de tempo
vinil virou cd
escuto em mp3
a mesma canção
que deu origem a tantas coisas
mudaram
se acabaram

pra nunca mais se ouvir
frio
deitado aqui no quarto
olho um ponto vago
em falso
que se volta pro passado
outra era
ainda hoje
o anjo vê apavorado
sabe-se lá o que

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

dia de iansã 2009

vento pra valer o dia todo
a pedreira geme
imóvel

mas não intacta
árvores balançam
quase
dobram

como o aço das cordas do violão

céu azul lá no espaço
a chuva cai de lado

*

um grão
cem vezes mais
que ontem
a areia está
de uma forma ou outra
no sempre
desse universo

*

tempo de aprender
lição da natureza
seca ao vento
fica molhada
a madrugada toda
camadas de eras
os dinossauros dessa manhã
dizem sim
existe a alma
percebo além do corpo
olhando os pedaços
no chão

*

dia de vento
solidão ecoando
por dentro

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

*

imagino a tarde
esquecida num sonho
amarelada
com as gotas

chega tarde
a madrugada
mesmo chovendo
olho pro alto

sei que pra tudo existe um sentido

meu destino
em voltas
a sim